IMPERDÍVEL: Elogiado, novo livro de Ali Smith chega ao Brasil
‘Como Ser as Duas Coisas’ é um hábil romance de duplos que mistura histórias, gêneros, tempos e realidades
Chamada de herdeira de Virginia Woolf pela crítica literária, a escocesa Ali Smith lança o romance Como Ser as Duas Coisas (tradução de Caetano Waldrigues Galindo, Companhia das Letras, 320 páginas, 59,90 reais) no Brasil. No livro, que ficou entre os pré-selecionados do Man Booker Prize, a autora mistura histórias, gêneros, tempos e realidades. Em uma das histórias, que se passa na Grã-Bretanha da atualidade, George (apelido de Georgia) é uma adolescente pedante que tenta superar a perda da mãe. Na outra, durante a Itália do século XV, o pintor renascentista Francisco del Cossa, que realmente existiu, tem sua história reconstruída pela escritora – para ela, o artista teria nascido menina e assumido a identidade masculina para poder trabalhar.
As narrativas, apesar de serem independentes, conversam entre si. As duas personagens enfrentam dilemas de gênero – além do nome, George também tem aparência de menino – e descobrem sua sexualidade ao longo das páginas – a adolescente começa a demonstrar interesse por pornografia e o pintor se aventura em bordéis, onde desenha prostitutas. Como Ser as Duas Coisas é um hábil e original romance de duplos, até mesmo na forma como foi construído pelas editoras: metade da tiragem do livro sai com a história de George na frente e, a outra metade, sai com a narrativa de Francisco del Cossa primeiro.