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Homenagem a Martinho da Vila e sambas sobre cultura negra são destaques

A segunda noite de desfiles na passarela do samba do Rio de Janeiro terá ainda apresentações das rainhas Lexa, Paolla Oliveira e Sabrina Sato

Por Jana Sampaio Atualizado em 24 abr 2022, 02h04 - Publicado em 23 abr 2022, 20h51

Festa símbolo da cultura carioca, as escolas de samba voltam a riscar a Marquês de Sapucaí para a segunda e última noite deste Carnaval fora de época. Em pleno feriado de São Jorge, santo católico sincretizado na fé da umbanda e do candomblé como Ogum, cinco agremiações homenageiam personalidades, entidades e orixás importantes para a cultura negra. A primeira delas é a Paraíso do Tuiuti, que abre os trabalhos cantando o enredo “Ka ríba tí ÿe – Que nossos caminhos se abram”, uma exaltação à contribuição histórica de figuras como os ex-presidentes dos Estados Unidos e da África do Sul, Barack Obama e Nelson Mandela, respectivamente, e a matemática Catherine Johnson, uma das responsáveis pelo projeto norte-americano de exploração espacial.

Em seguida, é a vez da tradicionalíssima Portela levantar os 70 mil espectadores da passarela do samba. A escola do coração do prefeito Eduardo Paes (PSD), que na madrugada de sexta, 22, se empolgou com a Mangueira e mostrou seu gingado na avenida, contará a história do baobá, a árvore africana sagrada. “Faz do meu Igi Osè moringa/ Quem tenta acorrentar um sentimento/ “Esquece” que ser livre é fundamento / Matiz suburbano, herança de preto / Coragem no medo! / Meu povo é resistência/ Feito um “nó na madeira” do cajado de Oxalá / Força africana vem nos orgulhar”, diz um dos versos da azul e branca de Madureira.

A escola da Zona Norte abre alas para o desfile de uma agremiação que fica do outro lado da cidade, a Mocidade Independente de Padre Miguel. À frente da bateria Não Existe Mais Quente, a atriz Erika Januza defende as cores da verde e branca, a terceira da noite a fazer uma ode à negritude com o enredo “Batuque ao Caçador”. A letra é uma celebração a Oxóssi, orixá padroeiro da escola. “Oxóssi é caçador de uma flecha só / Herdeiro de Iemanjá, irmão de Ogum / Aquele que na cobra dá um nó / Aquele apaixonado por Oxum“. Vale lembrar que, no sincretismo, Oxóssi corresponde a São Sebastião, santo que nomeou e até hoje é apontado como guardião da cidade do Rio de Janeiro.

Prevista para entrar na Sapucaí entre 1h e 1h30, a quarta escola é a Unidos da Tijuca, lembrada na última madrugada durante o desfile da Mangueira. Um dos carros alegóricos da verde-e-rosa foi sucesso de público e crítica ao apresentar, numa troca de roupa relâmpago, um show de ilusionismo. O truque logo fez quem assistiu se lembrar do desfile feito há 12 anos pela azul-e-amarela, cuja rainha de bateria é a cantora Lexa. A escola é a única deste sábado a cantar uma história que não remeta à luta antirracista. O enredo “Waranã, a Reexisência Vermelha” fala sobre a origem do guaraná.

As duas agremiações que encerram o segundo dia têm como destaque suas rainhas de bateria: a atriz Paolla Oliveira, da Acadêmicos do Grande Rio, e a apresentadora Sabrina Sato, da Unidos de Vila Isabel. De volta ao posto após dez anos, Paolla deve contar com a companhia do namorado, o sambista e portelense raiz Diogo Nogueira, no desfile sobre Exú, a entidade a ser condecorada na Marquês.

Por último, mas não menos importante, é a hora da rainha das rainhas Sabrina fazer o que sabe de melhor: sambar e encantar. A nova contratada da Globosat vai enfrentar uma verdadeira maratona para se apresentar no Rio e em São Paulo, com a Gaviões da Fiel. A escola azul e branca homenageará um de seus mais importantes representantes no desfile mais esperado da noite: o cantor, compositor, autor de vários sambas e ídolo de 10 a cada 10 torcedores da Vila Isabel, Martinho da Vila.

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Princesa da Tuiuti ofusca rainha de bateria e levanta avenida

Mayara Lima, princesa de Bateria da Unidos do Tuiuti, arrancou aplausos das arquibancadas ao passar pela Sapucaí. Um vídeo de um ensaio em que ela aparece sambando em perfeita sincronia com os músicos tinha viralizado nas redes sociais, o que levou a comparações com a rainha Thay Magalhães e criou um clima de rivalidade entre as passistas.

Na avenida, Mayara foi mais ovacionada que Thay. Inconformada, a rainha  anunciou, ainda na concentração, que pretende deixar o posto.

A escola deve perder pontos porque atrasou dois minutos na passagem pela passarela.

Neta de Martinho da Vila, porta bandeira da Tuiuti é pedida em casamento na avenida

Após desfilar pela Tuiuti, a porta bandeira Dandara Ventapane, foi pedida em casamento pelo noivo Donato Pereira, que é também o seu preparador físico. Dandara é neta de Martinho da Vila, homenageado pela Vila Isabel.

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Porta bandeira da Tuiuti, Dandara
Dandara, porta bandeira da Tuiuti (Riotur.Rio Divulgação/Divulgação)

Carro da Portela emociona plateia

A Portela trouxe para a Sapucaí uma homenagem à arvore Baobá, planta típica da África. Um dos carros mais festejados e aplaudidos na avenida trazia o drama dos escravos em esculturas gigantescas.

Carro alegórico da Portela retrata drama dos escravos vindos da África

(Duda Monteiro de Barros/VEJA)

Rainha de bateria da Mocidade raspa cabelo em homenagem à Oxóssi

A Mocidade Independente de Padre Miguel entrou na avenida homenageando Oxóssi, divindade de matriz africana que representa as florestas e o conhecimento. Em homenagem ao orixá, os integrantes da bateria decidiram raspar a cabeça, em um ato de homenagem que costuma acontecer entre os seguidores da Umbanda e do Candomblé. A rainha da bateria, Giovana Angélica, acompanhou os músicos e raspou a cabeça. Ficou aliviada: “pensei que era torta”, diz ela que não perdeu a beleza, nem o samba no pé.

Rainha da mocidade
(Riotur/Divulgação)

 

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