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Harold Bloom: o monstro da crítica literária

O crítico literário morreu na segunda-feira 14, aos 89 anos, de causa não divulgada, em New Haven, Estados Unidos

Por Da Redação Atualizado em 18 out 2019, 11h52 - Publicado em 18 out 2019, 06h00

O crítico Harold Bloom se autodefinia como “um monstro” da leitura. Ele se gabava da capacidade de devorar um livro de 400 páginas em apenas uma hora. Um intelectual próximo dizia que, de fato, era “assustador” ver o amigo absorvendo as palavras em frenesi em sua biblioteca. Depois de processar tudo o que lia, de Shakespeare a poemas do Velho Testamento, Bloom devolvia seu conhecimento ao mundo de forma prodigiosa: ele foi um monstro da crítica literária.

Filho de judeus ortodoxos, o americano Bloom nasceu no subúrbio nova-­iorquino do Bronx e, como professor da Universidade Yale, alcançaria notoriedade e prestígio acadêmico. Lançou mais de quarenta livros — os dois últimos neste 2019, quando já acumulava anos de saúde alquebrada. Em 1973, ganharia amplo reconhecimento com A Angústia da Influência, ensaio em que defendia a ideia de que a roda da genialidade literária se move graças à necessidade que poetas e romancistas se autoimpõem de superar os antecessores. Com O Cânone Ocidental (1994), no qual apresentava sua apaixonada súmula da produção do Ocidente ao longo da história, Bloom fez da crítica literária um artigo pop nas livrarias.

Nos últimos anos, o crítico fenomenal foi acossado pela ascensão de autores e intelectuais que rezam pela cartilha da correção política. Por sua defesa de Shakespeare, Chaucer e Kafka como deuses maiores, foi acusado de chancelar a hegemonia do macho branco na cultura. Bloom, afiado, identificava aí certa “Escola do Ressentimento”. “Devemos escolher. Ou há valores estéticos ou a sobredeterminação de raça, classe e gênero”, escreveu. Morreu na segunda-feira 14, aos 89 anos, de causa não divulgada, em New Haven, Estados Unidos.


MUITO ANTES DE PABLO VITTAR

MIL FACES - Bisso: o talento que dava vida à sexóloga Olga del Volga (Bob Wolfenson/VEJA)

O argentino Patricio Bisso se vestia de mulher para brilhar no palco muito antes de uma figura como Pabllo Vittar ter nascido. Ator, figurinista, cenógrafo e ilustrador, ele animou a cena cultural paulistana dos anos 70 e 80 e deu vida a vários personagens. O mais famoso foi Olga del Volga, uma hilária sexóloga russa com a qual fez participações na novela Um Sonho a Mais, da Globo, e no programa de Hebe Camargo. A presença de Bisso, com sotaque carregado e tiradas irônicas, fez tanto sucesso que incomodou o governo militar: no começo dos anos 80, um censor ameaçou tirar Hebe do ar caso o performer não saísse de seu sofá. Bisso nasceu em Buenos Aires e se mudou para São Paulo aos 17 anos. Inicialmente, trabalhou como ilustrador, mas logo se deixaria seduzir pelo teatro. Um de seus trabalhos mais notáveis se deu no cinema: ele foi responsável pelos figurinos de O Beijo da Mulher Aranha, de Hector Babenco. Bisso também se aventurou na música, ao gravar o disco Louca pelo Saxofone (1987), com a participação de artistas como Rita Lee. Morreu no domingo 13, aos 62 anos, de infarto fulminante, em Buenos Aires.

Publicado em VEJA de 23 de outubro de 2019, edição nº 2657

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