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Gramado tem noite de decepção em dose dupla

O peruano 'Las Malas Intenciones' e o brasileiro 'País do Desejo' foram recebidos com frieza pelo público

Por Carlos Helí de Almeida, de Gramado
9 ago 2011, 16h17
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  • O 39º Festival de Gramado teve uma noite absolutamente decepcionante na segunda-feira, com a exibição do peruano Las Malas Intenciones, de Rosario Garcia Montero, e do brasileiro País do Desejo, de Paulo Caldas. Ninguém da equipe do longa-metragem estrangeiro veio à cidade representar a história sobre uma menina de imaginação fértil, que tem como pano de fundo os ataques do grupo terrorista Sendero Luminoso, no início dos anos 80. Para piorar as coisas, o filme foi projetado em DVD de serviço, porque a cópia original, em digital, não chegou a tempo para a sessão.

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    A sequência brasileira da noite consolidou a decepção. O filme de Caldas, o mesmo diretor de Deserto Feliz (2007), foi recebido de forma gélida pelo público, numa noite de muita chuva e frio. Protagonizada por Fábio Assunção e Maria Padilha, a trama sobre um padre progressista que se apaixona por uma pianista que luta contra uma doença renal toca na superfície de temas relacionados à fé, à ciência e à realidade social brasileira, num conjunto que passou por muitas mudanças desde sua concepção original.

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    'Las Malas Intenciones', filme peruano no Festival de Gramado: exibido em DVD de trabalho, e sem a presença dos diretores
    ‘Las Malas Intenciones’, filme peruano no Festival de Gramado: exibido em DVD de trabalho, e sem a presença dos diretores (VEJA)

    O diretor, que estreou com o premiado Baile perfumando (1997), passou grande parte do encontro com a imprensa, ocorrido na manhã de hoje, dia 9, justificando suas escolhas. Originalmente, País do Desejo chamava-se Amor sujo , era ambientado em duas cidades fictícias (Eldorado e Pasárgada) e apresentava um romance interracial entre uma violoncelista branca e um padre negro – este seria interpretado por Lázaro Ramos. Ao longo dos anos, o roteiro (de Caldas, Pedro Severien e Amin Steppler) tomou novos rumos e incorporou dados reais, com o episódio em que a Igreja excomungou os médicos que realizaram um aborto em uma menina de 12 anos estuprada pelo tio – mas não o criminoso -, em Pernambuco, em 2009.

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    “O que está aí é o filme que eu quis fazer, e assumo os riscos de minhas decisões, como sempre fiz com meus filmes”, defendeu-se o realizador paraibano de 47 anos, que exibiu País do Desejo no festival de Taormina (Itália), em junho). “Lá, fomos muito bem recebidos, o filme levantou discussões. Já esperava que a história dividiria opiniões. Assim como Deserto Feliz, meu trabalho anterior, País do Desejo é uma história de amor, mas uma história de amor que prima pela estranheza. Não fiz um filme para agradar, mas para fazer as pessoas pensarem”.

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    Em sua versão original, o enredo de País do Desejo era centrado em um triângulo amoroso formado pelo padre liberal, a pianista e o médico que a trata. Este foi transformado em César, cirurgião e irmão de José, vivido no filme pelo ator Gabriel Braga Nunes. Há também uma exótica enfermeira japonesa que lê mangás eróticos, entende de horóscopo sanguíneo japonês e come hóstias com ketchup. Na história que vingou, Maria Padilha interpreta Roberta, uma talentosa pianista que espera por um novo transplante de rins há mais de dez anos. A princípio, a personagem tocava violoncelo, que exigiu meses de preparação da atriz. A poucos meses do início da filmagem, Caldas decidiu trocar o instrumento da protagonista.

    “Acho que o Paulo achou que eu não daria conta do recado como o violoncelo”, brincou a atriz de 52 anos, que também funcionou como coprodutora do filme. “Apesar de ter estudado piano até meus 18 anos, me bateu um certo pânico naquele momento. Mas voltei a estudar piano diariamente, com a ajuda de um amigo do (pianista) Nelson Freire. Fiz todas as cenas com uma música diferente na cabeça”.

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    Fábio Assunção confessou que não fez nenhuma preparação especial para encarnar o padre José. “Tivemos a consultoria de um padre, que passou algumas dicas para a gente, mas priorizei a humanidade do personagem, ao invés de ater-me a detalhes gestuais ou de comportamento”, explicou o ator de 39 anos.

    A competição de longas-metragens prossegue hoje à noite com a exibição do chileno La Lección de Pintura, de Pablo Perelmen, e o documentário brasileiro As Hiper Mulheres, de Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro. Entre uma sessão e outra, a atriz Fernanda Montenegro receberá o troféu Oscarito por sua contribuição ao cinema.

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    VEJA TAMBÉM: OS DESTAQUES DO FESTIVAL DE GRAMADO

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