O poeta maranhense Ferreira Gullar foi eleito nesta quinta-feira o novo ocupante da cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras (ABL), vaga que era do poeta Ivan Junqueira, morto em 3 de julho por falência múltipla dos órgãos. O poeta disputou o posto com o escritor José William Vavruk, que já havia concorrido à cadeira 36, ocupada desde setembro de 2013 por Fernando Henrique Cardoso, José Roberto Guedes de Oliveira, membro-fundador da Academia Indaiatubana de Letras, e Ademir Barbosa Júnior, mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP). O maranhense recebeu 36 dos 37 votos possíveis — o que não foi para ele ficou em branco.
Leia também:
Ferreira Gullar terá programa de crônicas na Rádio Cultura
Escrevo porque a vida é pouca, diz, Ferreira Gullar
Nobel de literatura vai para o francês Patrick Modiano
Os ocupantes anteriores da cadeira que agora pertence a Gullar foram Silva Ramos, fundador – que escolheu como patrono o poeta Tomás Antônio Gonzaga -, Alcântara Machado, Getúlio Vargas, Assis Chateaubriand e João Cabral de Melo Neto.
O novo “imortal” – Ferreira Gullar, cujo nome verdadeiro é José de Ribamar Ferreira, nasceu em São Luís do Maranhão em 10 de setembro de 1930. Aos 18 anos, passou a frequentar os bares da cidade, então tomados por jovens que passavam as tardes lendo poesia. A influência funcionou: poucos anos depois, eles fez as suas primeiras investidas no mundo da literatura com poemas experimentais, reunidos em seu livro de estreia, A Luta Corporal, de 1954.
O volume contribuiu para o surgimento de um novo movimento literário no Brasil, o concretismo, de que Gullar foi participante e, mais tarde, dissidente. Em 1959, o poeta deu origem ao movimento neoconcreto, de que fizeram parte artistas como Lygia Clark e Hélio Oiticica. Às vésperas do golpe militar, o maranhense se afastou dos neoconcretistas e começou a escrever poemas políticos, sendo processado, preso e exilado até 1977. Com a sua volta ao Brasil, passou a escrever para jornais e lançou livros como Na Vertigem do Dia, Toda Poesia (José Olympio Editora, 1980) e Barulhos (José Olympio Editora, 1987).