Você recebe críticas de educadores por ensinar sem ser professor. Isso o incomoda? No início foi difícil, sim. Dá até para entender a desconfiança que alguém como eu, falando de assuntos sérios sem ter formação, desperta entre educadores. Mas acho, sinceramente, que não precisa ser cientista para ensinar ciências. A questão é estar muito bem assessorado — e eu estou.
Como foi parar nesse mundo das aulas? Comecei a tratar no YouTube de um monte de temas que me interessavam, sempre pesquisando e ouvindo estudiosos. Nunca fui pretensioso a ponto de dizer: “Agora vou educar as pessoas”. Acabou acontecendo.
Tenta ser um professor menos chato do que os que teve na escola? Para mim, tudo isso é diversão. Penso no ensino como entretenimento. Não falo para especialistas, nem quero parecer um. A ideia é que o espectador absorva o conteúdo sem desconfiar que está aprendendo. Vamos combinar que a ciência ou a história do colégio são ainda muito distantes do dia a dia.
Já cometeu no ar algum erro de informação? Não que eu saiba. Os consultores ficam o tempo todo de olho.
Como foi a adaptação à Netflix? Já vinha mudando no YouTube. Antes, falava muito palavrão porque achava que isso era essencial para a informalidade dos vídeos. Mas aí, professores passaram a usar o material na sala de aula e segurei a língua. Com a Netflix, pisei ainda mais no freio. Tenho menos liberdade, mas em compensação atingi outro patamar.
Deu para palpitar nos rumos da série? Sou centralizador e participei de todo o processo, do roteiro à edição.
Você já experimentou cinema, TV, redes e streaming. Em que formato fica mais à vontade? Ainda é no YouTube, um terreno em que me sinto perfeitamente livre para ser espontâneo e dizer o que penso.
Publicado em VEJA de 9 de setembro de 2020, edição nº 2703