Os fãs da Pixar podem ficar sossegados: a companhia não perdeu seu apetite por histórias criativas. Depois de uma leva de sequências – Toy Story 3 (2010), Carros 2 (2011) e Universidade Monstros (2013) -, do lindo, mas não exatamente original Valente (2012), e de um ano inteiro sem lançamentos, o estúdio volta com força total com Divertida Mente, animação dirigida por Pete Docter (de Monstros S.A. e Up – Altas Aventuras) e codirigida por Ronnie Del Carmen (de dois episódios de Freakazoid!). O filme, que passa fora de competição no 68º Festival de Cannes, foi recebido com aplausos entusiasmados pela plateia na sessão de imprensa nesta segunda-feira.
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A personagem central é Riley, uma garotinha de 11 anos que acaba de se mudar de Minnesota para São Francisco com os pais. Mas Riley – ou melhor, sua mente – também é uma espécie de cenário onde vivem os outros protagonistas, suas principais emoções: Alegria (com voz de Amy Poehler na versão original), Tristeza (Phyllis Smith), Raiva (Lewis Black), Medo (Bill Hader) e Nojinho (Mindy Kaling). Alegria controla o comando central, e seu objetivo é que Riley esteja sempre feliz. Mas Alegria e Tristeza acabam se perdendo na mente de Riley, deixando Raiva, Medo e Nojinho sozinhos no controle.
O filme brinca com conceitos complexos, como memória de curto e longo prazo, imaginação, pensamento abstrato, sonhos, traduzindo-os em imagens simples e atraentes para as crianças.
Na coletiva de imprensa após a exibição, Pete Docter disse que a ideia veio do crescimento de sua filha. “Ali pelos 11 anos, ela mudou, tornou-se uma criança mais quieta. Fiquei imaginando o que estava acontecendo”, disse. “Sempre queremos projetar algo das nossas vidas para que o público possa se identificar.”
A equipe fez uma pesquisa com neurologistas e psicólogos sobre o funcionamento do cérebro. “Quase tudo era complicado de colocar na tela. O trabalho era simplificar, não tanto para as crianças – elas entendem -, mas para os adultos”, afirmou Docter, acrescentando que o estúdio não faz filmes para crianças, mas para todo o mundo.