‘Desventuras em Série’ é fiel aos livros, mas cansa
Neil Patrick Harris interpreta o vilão Conde Olaf na nova série da Netflix
![Cena de 'Desventuras em Série' na Netflix](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2017/01/entretenimento-netflix-desventuras-em-serie-20170111-11.jpg?quality=90&strip=info&w=750&h=500&crop=1)
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![Conde Olaf (Neil Patrick Harris), em cena de 'Desventuras em Série' na Netflix Conde Olaf (Neil Patrick Harris), em cena de 'Desventuras em Série' na Netflix](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2017/01/entretenimento-netflix-desventuras-em-serie-20170111-12-copy.jpg?quality=90&strip=info&w=750&w=636)
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Em 1999, Lemony Snicket (pseudônimo do americano Daniel Handler) lançava Mau Começo, o primeiro livro de Desventuras em Série. A saga chegou ao fim no 13º volume em 2006, ganhou uma adaptação no cinema em 2004 (com Jim Carrey como protagonista, e que não foi bem recebida pelo público), e agora serve de base para a nova série da Netflix, cuja primeira temporada com oito capítulos está disponível a partir desta sexta-feira. O programa recria com fidelidade a saga literária dos órfãos Baudelaire. O problema, contudo, está no ritmo cansativo. Alerta: Crianças podem dormir entre um episódio e outro.
Desventuras em Série acompanha Violet (Malina Weissman), Klaus (Louis Hynes) e Sunny Baudelaire, cujos pais morrem em um misterioso incêndio. Os órfãos são encaminhados para vários tutores, entre eles o malvado Conde Olaf (Neil Patrick Harris), um ator charlatão que só quer saber de roubar a fortuna das crianças. Toda a trama é amarrada pela narração de Lemony Snicket (Patrick Warburton), que invade as cenas com explicações e previsões direcionadas aos espectadores.
Olaf é o grande astro da história, não à toa o mega popular comediante Neil Patrick Harris foi escalado para o papel. O ator inclusive canta a música de abertura que muda conforme a história avança. A interpretação pode ser um pouco exagerada, mas o personagem pede. Patrick Harris é também um dos produtores da série. Em conversa com a reportagem de VEJA, ele conta que a ideia era fazer o programa bem similar aos livros. “Sou um grande defensor em honrar a fonte original. Eu acho que a forma como Daniel Handler criava as falas é admirável. Quando as crianças leem os livros, ficam mais espertas, aprendem senso de humor, vocabulário. Eu queria que o programa representasse isso também”, contou.
A produção técnica da série é muito bem feita. O visual impecável transporta o público para o mundo imaginário da saga. Diversas cenas e enquadramentos lembram trabalhos do cineasta Wes Anderson (Grande Hotel Budapeste), que gosta de coisas simétricas e centralizadas. Apesar de bonito, o recurso pode cansar ao longo de uma maratona. Cansativa, aliás, é uma palavra apropriada para a produção. A história cheia de mistérios não compensa o ritmo em que é apresentada. As diversas interrupções do narrador quebram o clima, e tornam tudo arrastado e mais didático que o necessário.
Cada volume literário se transformou em dois episódios, mas um formato mais livre, sem esta divisão engessada, poderia tornar a trama mais fluída e ágil, ainda sem perder a essência.
Um ponto positivo é a inserção de novos personagens. A série acertou ao colocar a inédita e misteriosa Jacquelyn S. (Sara Cannin) — que tem as mesmas iniciais de um personagem importante em livros futuros — e mais dos pais das crianças (Colbie Smulders e Will Arnett), percorrendo o submundo de mistérios aos quais os órfãos inadvertidamente entraram. As novidades trazem um frescor à narrativa para os fãs da obra literária.