Daniela Thomas em carreira solo no cinema
Parceira de Walter Salles em três longas premiados, diretora fará 'Vazante', que se passa em uma fazenda do século XIX
Parceira de Walter Salles em filmes premiados, como Terra Estrangeira (1996), O Primeiro Dia (1998), e Linha de Passe (2008), Daniela Thomas prepara-se para fazer Vazante, seu primeiro projeto solo em cinema. Estrelado por Fernanda Montenegro e Sandra Corveloni, vencedora do prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes com Linha de Passe, o longa-metragem começa a ser rodado em meados de 2012 e se passa numa fazenda do século XIX.
A produção é da Dezenove Som e Imagem, que está no 68º Festival de Veneza com Girimunho, de Helvécio Marins Jr. e Clarissa Campolina, na mostra Horizontes.
Escrito pela própria Daniela, Vazante debruça-se sobre a dinâmica das grandes propriedades rurais do Brasil colonial, estruturado sobre o relacionamento entre um fazendeiro, sua mulher e os escravos que trabalham nas plantações.
“A história é uma tentativa de nos afastar dos mitos sobre os carnavais exóticos, sensuais e tropicais. Ele pretende dar voz à diáspora ancestral que ajudou a formar a identidade do Brasil”, disse a diretora à imprensa americana. Daniela esteve pela última vez em Veneza em 2009, com Insolação, codirigido pelo diretor de teatro Felipe Hirsch, na mostra Horizontes.
Vazante tem orçamento estimado em R$ 8 milhões, e contará com a intermediação de Walter Salles para encontrar parceiros na Europa. Atualmente, o diretor carioca finaliza On the Road, inspirado no clássico da literatura beatnik de Jack Kerouac, enquanto toca um documentário sobre o movimento. Daniela pretende usar atores negros não profissionais no núcleo de escravos da trama.
Girimunho – Antes mesmo de ganhar a primiera projeção, na tarde da segunda-feira, no 68º Festival de Veneza, a produção brasileira Girimunho, dos mineiros Helvécio Marins Jr. e Clarissa Camponila, já contava com um distribuidor internacional.
“O filme será representado fora do Brasil pela francesa Urban Distribution International, que já distribuiu outros títulos recentes da minha produtora, como Trabalhar Cansa, de Juliana Rojas e Marco Dutra, exibido na mostra “Un Certain Regard” do Festival de Cannes deste ano, e Insolação, de Daniela Thomas e Felipe Hirsch, que estreou no Festival de Veneza de 2009″, informa Sara Silveira, da produtora paulista Dezenove Som e Imagem.
“Sou a única produtora brasileira que conseguiu emplacar dois filmes em dois dos principais festivais de cinema do mundo este ano”, orgulha-se Sara, que tem investido na nova geração de diretores brasileiros. Foi ela quem levantou recuros para a realização de Os famosos e os duendes da morte, o primeiro longa-metragem do curta-metragista Esmir Filho, que competiu no Festival de Locarno (na Suíça) de 2009 e venceu o Festival do Rio daquele ano.
Girimunho é um dos títulos da mostra paralela Horizontes, que abriga produções arrojadas e experiências de linguagem. Escrito por Felipe Bragança (codiretor de A alegria, exibido na seção Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes de 2010), o filme é ambientado em uma pequena vila do interior de Minas Gerais, e fala sobre uma rezadeira que tentar superar a morte do marido.
Coproduzido pela Teia, coletivo mineiro responsável por filmes como Aboio (2007), de Marília Rocha, Girimunho é uma alegoria sobre os mitos e crendices do Brasil rural. “Contamos essa transição da personagem, apontando para a coexistência entra a tradição e o modo de vida contemporâneo, a vida, a morte, a realidade e o sonho, dissolvendo os limites entre esses conceitos”, descreve Clarissa.
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