Em 1909, o indo-britânico Rudyard Kipling (1865-1936) já tinha no currículo o Prêmio Nobel de literatura, conquistado dois anos antes, mas nem por isso considerava a sua obra concluída. Pai de uma menina e de um menino, e também de uma garota morta prematuramente dez anos antes, de pneumonia, ele tinha uma prole para criar. E foi para o seu caçula, John, então com apenas 12 anos, que Kipling escreveu naquele ano um poema que entraria para a galeria de seus textos mais célebres, Se, uma reunião de conselhos enfileirados com ternura e sabedoria para o menino, também ele destinado a morrer de forma trágica e prematura. John seria abatido aos 18 anos no front da Primeira Guerra Mundial, sem talvez chegar a ser o homem com que o pai sonhou ao assinar o poema. O texto da Carta ao Leitor de VEJA desta semana faz uma releitura livre do poema, dedicada a Dilma Rousseff, que vive um difícil momento em seu governo e se beneficiaria se desse atenção ao texto de tom paternal.
“Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires, / De sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores. / Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires / Tratar da mesma forma a esses dois impostores”, diz Kipling em uma das passagens mais bonitas de Se, uma sucessão de condições para o crescimento do filho, que culmina nos versos “Tua é a terra com tudo o que existe no mundo / E o que mais – tu serás um homem, ó meu filho!”.
Por ironia da história – ou por sua controversa posição política, a favor da empresa neocolonial europeia na África -, Rudyard Kipling acabou conhecido mais por sua produção para crianças, dentro da qual se destaca a saga de Mogli, o menino lobo. Mas o escritor fez muito mais. Poesia, prosa e jornalismo são alguns dos gêneros explorados por Kipling, que nasceu na Índia, filho de um colonizador britânico, e dividiu sua vida entre o país, a Inglaterra e os Estados Unidos. Leia abaixo a tradução do paulista Guilherme de Almeida para Se:
Por João Villaret
O ator e declamador português lê uma tradução do poema de Rudyard Kipling.
Harvey Keitel
O ator americano faz uma leitura leve do poema, quase como um amigo que fala ao ouvido do outro.
Dennis Hopper
O ator americano leu Se em uma edição do Johnny Cash Show, programa apresentado pelo cantor Johnny Cash na TV.
Joni Mitchell
O poema ganhou uma versão musicada pela cantora americana.
https://youtube.com/watch?v=JWvcwVWCcnY
Michael Caine
O ator empresta o seu sotaque britânico a um poema que é completamente identificado com a Inglaterra e o Reino Unido.
https://youtube.com/watch?v=vEeLh5ItQcY
Federer & Nadal
Sim, até os tenistas rivais Roger Federer e Rafael Nadal já emprestaram as suas vozes ao poema. Não é assim nenhum primor de interpretação, mas vale a pena escutar.