Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Conheça o bilionário banido do mercado da arte pelo resto da vida

Intimado a devolver 70 milhões de dólares em relíquias, Michael Steinhardt fez fortuna com investimentos e construiu coleção com base em contrabandos

Por Amanda Capuano 7 dez 2021, 19h12

O Ministério Público de Manhattan divulgou na segunda-feira, 6, que o bilionário Michael Steinhardt está banido do mercado de antiguidades para sempre em decorrência de um escândalo de contrabando de relíquias que começou a ser investigado em 2017. Como parte do acordo,  Steinhardt ainda teve que devolver 180 peças contrabandeadas por ele, totalizando 70 milhões de dólares (394,3 milhões de reais em cotação atual) em relíquias. Segundo o jornal britânico The Guardian, o veto vitalício é uma decisão “sem precedentes”. Mas, afinal, quem é Steinhardt e como ele conseguiu tal proeza?

Nascido na cidade de Nova York em 1940, Steinhardt fez fortuna com fundos de investimento e era uma das pessoas mais badaladas de Wall Street. Sua empresa, a Steinhardt, Fine, Berkowitz & Company foi fundada em 1967 e dava um dos melhores retornos do mercado. Os negócios, porém, desandaram e ele fechou as portas em 1995, alegando que “deveria haver algo mais virtuoso para fazer da vida do que tornar ricos mais ricos”. Em 2004, voltou ao mercado, dessa vez na empresa WisdomTree, onde ficou até a sua aposentadoria, em 2019, onde gerenciou uma carteira de mais de 41 bilhões de dólares. Segundo estimativa da Forbes em 2018, sua fortuna girava em torno de 1 bilhão de dólares.

Fora do ramo financeiro, Steinhardt ficou conhecido por seu apetite voraz por relíquias, que o alçou ao posto de um dos mais importantes colecionadores de arte antiga do mundo. A investigação, porém, deflagrou um esquema de contrabando que culminou em seu banimento do mercado nessa semana. As autoridades novaiorquinas revelaram ter encontrado “evidências convincentes” de que as antiguidades foram roubadas de 11 países e pelo menos 171 delas passaram pela mão de traficantes antes de serem compradas por Steinhardt. Para chegar a essa conclusão, 17 mandados de busca judicial foram ordenados e investigações conjuntas foram conduzidas com autoridades da Bulgária, Egito, Grécia, Iraque, Israel, Itália, Jordânia, Líbano, Líbia, Síria e Turquia.

“Por décadas, Michael Steinhardt demonstrou um apetite voraz por artefatos saqueados, sem se preocupar com a legalidade de suas ações, a legitimidade das peças que comprou e vendeu ou os graves danos culturais que causou em todo o mundo”, disse o promotor Cyrus Vance. “Sua busca por ‘novos’ acréscimos para expor e vender não reconhecia limites geográficos ou morais, conforme exposto pelo crescente submundo de traficantes de antiguidades, chefes de crime, lavadores de dinheiro e invasores de tumbas dos quais ele dependia para expandir sua coleção”, completou.

Sua predileção pela ilegalidade, aliás, tem precedentes familiares. O pai, Sol Frank Steinhardt, conhecido pelo apelido de “Red McGee”, foi preso em 1958 por compra e venda de joias roubadas. Na biografia No Bull: My Life In and Out of Markets, sem tradução em português, ele descreve como seu pai financiou suas primeiras investidas no mercado de ações com envelopes contendo 10.000 dólares em dinheiro vivo. O livro também sugere que a educação de Steinhardt na Wharton School pode ter sido paga com fundos ilícitos.

Continua após a publicidade

Para não ter o mesmo destino do pai, Steinhardt acabou fazendo um acordo com a polícia que o livrou da cadeia. Segundo o promotor, as antiguidades serão devolvidas aos seus legítimos proprietários, ao invés de serem mantidas como prova pelos anos que seriam necessários para concluir uma acusação e um julgamento formal pelo caso. “Esta resolução também permite que meu escritório proteja a identidade de muitas testemunhas, que teriam os nomes divulgados com um julgamento, para proteger a integridade de investigações paralelas em cada um dos onze países com os quais estamos trabalhando”, disse ele.

Sob os termos do acordo, Steinhardt entregou às autoridades, entre outras coisas, uma peça batizada de The Stag’s Head Rhyton, um vaso cerimonial na forma de uma cabeça de veado que data de 400 aC. e apareceu sem procedência no mercado após saques em Milas, na Turquia. A peça está avaliada em 3,5 milhões de dólares. Outros tesouros incluem o Afresco de Ercolano, que retrata um bebê Hércules estrangulando uma cobra enviada por Hera para matá-lo, comprada de traficantes de antiguidades condenados em 1995, ano em que a peça foi saqueada de uma vila romana nas ruínas de Herculano, perto de Nápoles.

No total, cerca de 1.550 foram ligados à coleção de Steinhardt nos últimos 15 anos. Em um comunicado ao The Guardian, os advogados de Steinhardt disseram que ele “está satisfeito que a investigação de anos do promotor distrital tenha sido concluída sem quaisquer acusações e que os itens levados indevidamente por outros serão devolvidos aos seus países de origem.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.