Paris, 14 mai (EFE).- O diretor geral do Festival de Cannes, Thierry Frémaux, aproveitou esta segunda-feira para se defender das acusações de sexismo por parte de um grupo feminista, que, por sua vez, lamenta que a seleção deste ano não apresente nenhuma mulher entre os 22 diretores da competição oficial.
‘Ninguém dúvida que o espaço reservado às mulheres no cinema deve aumentar. Mas, esse problema não começará a ser resolvido em Cannes, mas ao longo de todo o ano’, indicou Frémaux em uma coluna publicada na edição online do jornal ‘L’Express’.
Segundo o diretor, como cidadão, ele concorda plenamente com o compromisso feminista, mas, como profissional, ele deve selecionar as obras de acordo com os critérios de avaliação, rejeitando a ideia do evento ter um sistema de cotas. O Festival de Cannes, que começa nesta quarta-feira, se estenderá até o dia 27 de maio.
‘Nunca vamos escolher um filme que não mereça estar selecionado simplesmente porque tenha sido feito por uma mulher. Essa suposta política de cotas poderia prejudicar a causa neste sentido’, indicou o diretor em resposta à coluna divulgada pelo jornal ‘Le Monde’ na última semana, a qual era assinada pelo coletivo feminista ‘La Barbe’.
De acordo com o diretor do festival, ‘a causa feminista deve ser defendida além de Cannes, que é uma ilustração do que é o cinema atual’. Desta forma, ele acredita que ‘acusar o festival não resolverá estritamente nada’.
Na coluna que originou esta reação, divulgada na última sexta, a atriz Fanny Cottençon e as diretoras Virginie Despentes e Coline Serreau afirmaram que a competição oficial desta 65º edição envia uma mensagem ‘forte’, mas equivocada, tanto em relação à profissão como ao público.
A seleção deste ano, segundo as ativistas, demonstra mais uma vez ‘que os homens amam a profundidade nas mulheres, mas somente em seu decote’. Desta forma, as mulheres acabam assumindo o papel de ‘perfeitas anfitriãs’.
‘Às mulheres, as bobinas de costurar e, aos homens, as dos irmãos Lumière!’, concluia a coluna assinada pela organização feminista, que lembra que a Palma de Ouro foi entregue a uma mulher em uma única ocasião: em 1993, com ‘O Piano’, de Jane Campion.
Entre os concorrentes ao máximo prêmio desta edição figuram grandes nomes da cinematografia mundial, como o brasileiro Walter Salles, Michael Haneke, Ken Loach, David Cronenberg, Carlos Reygadas e Alain Resnais. EFE