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Biquínis feitos para valorizar todas as formas e belezas estão em alta

Na próxima temporada de sol e calor, praias e piscinas serão palco de um desfile da peça que virou referência mundial na moda do verão

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 5 dez 2021, 08h00
SILHUETA - Esguia: o modelo asa-delta usado por Kylie Jenner deixa as pernas mais alongadas -
SILHUETA - Esguia: o modelo asa-delta usado por Kylie Jenner deixa as pernas mais alongadas – (@KylieJenner/Instagram)

“Tem sido um inverno longo, frio e solitário. Parece que faz anos desde que ele esteve aqui. Os sorrisos voltando aos rostos. Lá vem o sol, e eu digo está tudo bem.” Esses versos, da linda balada Here Comes the Sun, foram compostos por George Harrison em 1969, mas bem que poderiam ter sido escritos hoje. Depois de um extenso e sombrio período de isolamento imposto pela pandemia de Covid-19 — que fez boa parte da humanidade praticamente pular o verão de 2020 —, eis que o sol brilhará de novo nas praias brasileiras. Desta vez, com a população mais protegida por vacinas (apesar da preocupação com a nova variante do vírus), levando de volta às areias e ao mar o desfile dos biquínis que sempre serviram como referência mundial na moda de roupa de praia.

REVIVAL - Anos 1980: Hailey Bieber usa o modelo de sutiã cortininha, um dos clássicos brasileiros -
REVIVAL – Anos 1980: Hailey Bieber usa o modelo de sutiã cortininha, um dos clássicos brasileiros – (@HaileyBieber/Instagram)

A temporada vem carregada de história e simbolismo. Afinal, as duas peças do biquíni, hoje tão comuns, podem ser consideradas símbolos das vitórias femininas em relação ao controle sobre o próprio corpo. As mulheres só puderam desfrutar a delícia de um banho de mar no século XVII. Na ocasião, porém, era preciso vestir uma peça discreta, recatada e que cobrisse o corpo ao máximo, incluindo braços e pernas. Maiôs como os conhecemos hoje só apareceriam no século XX. O início da libertação aconteceu em 1946, quando o engenheiro e designer de roupas francês Louis Réard criou uma vestimenta com duas peças separadas: o biquíni. Uma invenção que, desde o primeiro momento, ele chamou de explosiva, tal qual as bombas nucleares testadas na Ilha Bikini, nos Estados Unidos, de onde tirou a inspiração para o nome do modelo. Antevendo a polêmica que causaria — naquela época, deixar o umbigo à mostra era vulgar —, Réard resolveu começar primeiro com a publicidade. Assim, ele estampou em jornais a foto da ex-dançarina de boate Micheline Bernardini usando a novidade, a única mulher que aceitou vesti-la. O estranhamento com aquela roupa que parecia cortada ao meio durou pouco. Brigitte Bardot, a musa francesa dos anos 1960, adorou a novidade e fez dela roupa obrigatória no sempre badalado verão francês.

CONFORTO - As calcinhas mais largas e com cintura alta, como a de Bruna Marquezine, modelam e facilitam os movimentos -
CONFORTO - As calcinhas mais largas e com cintura alta, como a de Bruna Marquezine, modelam e facilitam os movimentos – (@BrunaMarquezine/Instagram)

No Brasil, mesmo com a perseguição do ranzinza ex-presidente da República Jânio Quadros, no comecinho dos anos 1960, o biquíni trinfou soberbamente nas areias cariocas por onde passavam Helô Pinheiro, a musa que inspirou Tom Jobim e Vinícius de Moraes, e outras beldades que ajudaram a embalar a bossa nova. Eram tempos que pediam novidade, e os biquínis respondiam, mais uma vez, ao anseio das mulheres pela liberdade de deixar o corpo à mostra e bronzeado, como os homens podiam fazer. Em 1971, quando decidiu tirar uma foto vestindo biquíni, com a linda barriga de oito meses de gravidez descoberta, a atriz Leila Diniz não fez um gesto de exibicionismo tolo. Ao contrário, transformou a pose em um manifesto em favor da liberdade ao corpo feminino. A tanga, que tanto escândalo causou na década de 70 por cobrir tão pouco do corpo, era outro símbolo de transgressão forjado pelos ventos libertários daqueles tempos.

CORPO - Cavas e curvas: o maiô privilegia e destaca as formas da modelo plus size Sarah Kim -
CORPO - Cavas e curvas: o maiô privilegia e destaca as formas da modelo plus size Sarah Kim – (@iamSarahKim/Instagram)

Na década seguinte, o estilo fitness repleto de leggings e polainas tomou as praias com o modelo cavado na lateral, que valorizava as curvas, incorporando uma boa dose de sensualidade às peças. O modelo era o famoso asa-delta. Há quem ame e quem odeie. Goste-se ou não, em 2021, quando o biquíni completa 75 anos, ele retorna como a maior tendência da próxima temporada. “A mulher brasileira nunca aceitou as calcinhas retas. Sempre puxavam um pouco para cima”, afirma o estilista Amir Slama. “Agora, assumem de vez essa modelagem, que, além de ser confortável, alonga a silhueta.” Liberdade, de fato, também é preferir o conforto. Nessa linha, ganham força as hot pants, símbolos da contracultura e sucesso nas pinups dos anos 1950. Hoje, elas estão entre as favoritas por proporcionar facilidade de movimento e valorizar o que cada corpo tem de melhor. “As hot pants ficam bem em qualquer mulher”, afirma Renato Thomaz, diretor da Água de Coco. “Não cabe mais ter um padrão estereotipado. Somos uma terra de muitas culturas, cores, misturas e raças, e, como a moda praia é democrática, não tem como ser diferente”, diz. O que se verá nas praias serão modelos alinhados ao conceito do body positive, movimento que prega a aceitação do corpo como ele é. Cortes, estratégias de modelagem, tudo isso agora é voltado para que a mulher seja feliz na praia ou na piscina com o corpo que tem. Afinal o sol nasce para todas. E, como cantou George Harrison, está tudo bem — especialmente no verão da reabertura.

Publicado em VEJA de 8 de dezembro de 2021, edição nº 2767

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