Os bailarinos do Teatro Bolshoi estão de volta ao Brasil para dançar, entre esta quarta-feira, 17, e dia 28 de junho, os balés Spartacus e Giselle. Até o dia 21, os espetáculos serão no Theatro Municipal do Rio de Janeiro; a partir do dia 24, serão apresentados no Teatro Bradesco, em São Paulo. Exceto pela sessão de quinta-feira, no Rio, os demais ingressos já estão esgotados.
Com música de Aram Khachaturian, Spartacus é uma das principais obras do grupo. A versão da companhia foi criada por Yuri Grigorovich em 1968 e encenada por Vladimir Vasiliev e sua mulher, Ekaterina Maximova, nos papéis principais. O balé de três atos conta a saga do escravo que lidera uma rebelião contra o Império Romano. Um dos destaques é o protagonismo masculino. Em pouquíssimas obras é possível ver tantos homens em cena ao mesmo tempo.
Giselle é o balé romântico em dois atos que estreou em 1841. A coreografia original é de Jean Coralli e Jules Perrot. Produzida por Vasiliev, a versão também é baseada na adaptação de Marius Petipa, de 1887. A obra mostra a história de amor da jovem camponesa por um nobre disfarçado de aldeão. Ao descobrir a farsa, a garota morre e se transforma em uma das Wilis, seres mágicos que, à noite, no meio da floresta, se vingam de homens fazendo-os dançar até a morte.
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Histórico – Criado em 1776, o teatro Bolshoi (cujo nome significa grande) sobreviveu ao fim do czarismo, ao período comunista – foi lá que a formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi proclamada – e à Segunda Guerra Mundial. Mas o duro golpe veio com as dificuldades financeiras decorrentes do declínio da União Soviética, a partir dos anos 1980. Após a dissolução da URSS, em 1991, o teatro – que desde o século XVIII era mantido pelo Estado – teve de se adequar à economia de mercado. Durante a década de 1990, foram muitos os boatos sobre a crise e a falência do Bolshoi. A falta de verba afetou a qualidade das produções, e a companhia ficou anos sem produzir novas estrelas.
A recuperação veio só a partir dos anos 2000, quando o teatro começou a retomar o controle de sua marca e se abrir para novas produções. Jovens estrelas ganharam fama mundial, entre elas Svetlana Zakharova, Ivan Vasiliev (que estará no Brasil) e Natalia Osipova (hoje no Royal Ballet, de Londres). Mas toda a glória do Bolshoi não o livra da mácula de alguns escândalos. O mais recente e grave aconteceu em 2013, quando o diretor do balé, Sergei Filin, teve o rosto queimado por ácido. O atentado foi encomendado pelo bailarino Pavel Dimitrichenko. A crise foi agravada por denúncias de corrupção.
A última vez em que passou pelo Brasil, em 1999, o Bolshoi ainda não havia achado seu novo caminho. Agora, o público espera ver no palco o renascimento do grande balé russo.
(Da redação com Estadão Conteúdo)