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Axé music completa trinta anos

Suplantado no mercado por gêneros como o sertanejo e sem o vigor que já teve em décadas passadas, o ritmo ainda faz o país dançar

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 jan 2015, 00h00

“Ô da Bahia, o que está fazendo aqui?”, perguntou Chacrinha ao produtor musical Roberto Sant’anna, que tinha ido visitá-lo no Rio de Janeiro. Sant’anna explicou que estava lançando um artista e queria uma força do apresentador. O tal novato (pelo menos para o mercado fonográfico: era um veterano de bailes e trios elétricos) chamava-se Luiz Caldas, que havia lançado, naquele ano de 1985, uma canção chamada Fricote. Chacrinha ouviu a música e ficou curioso por saber o que Caldas queria dizer com o verso “Quando passa na Baixa do Tubo”. “Ele não sabia que era uma localidade de Salvador. Então, eu inventei que Baixa do Tubo era uma parte da anatomia feminina”, diz Sant’anna. Chacrinha adorou. No sábado seguinte, em seu programa, anunciou que o “rei da Bahia” iria cantar. O momento em que Luiz Caldas surgiu no palco, de pés descalços e brinco de pena (que tempos mais tarde, em um show na Bahia, seria dolorosamente arrancado por uma fã enlouquecida), com uma curiosa coreografia na qual dançava agachado, foi o marco zero de um movimento que se tornaria hegemônico no showbiz nacional. Para Caldas, Fricote era um deboche, gênero sacolejante também representado por Merengue Deboche, canção gravada por Sarajane, outra pioneira do pop baiano. Mas hoje a canção é tida como o primeiro sucesso da axé music. Outra música, é verdade, disputa o título: É d’Oxum, do cantor Gerônimo, foi lançada no mesmo período, mas não tinha o clima festeiro do hit de Caldas. Em novembro de 2014, Carlinhos Brown, que foi percussionista da banda do “rei da Bahia”, lançou Por Causa de Você, homenagem a Caldas e ao axé – que, neste Carnaval, comemora o aniversário de trinta anos. Mais do que um hino de celebração, é uma ajuda luxuosa de um de seus expoentes mais ilustres. “A axé music não é um movimento da Bahia, mas sim um movimento do Brasil”, apregoa o sempre entusiástico Brown.

Não, a axé music não chega aos trinta com a vitalidade de outrora. Há tempos que seus representantes não frequentam as listas dos mais vendidos do país. A hegemonia das paradas de sucesso foi perdida, sobretudo, para os sertanejos. Segundo relatório da Crowley Broadcast Analysis do Brasil, empresa que afere a audiência das rádios, a axé music não ficou nem entre as setenta canções mais executadas de 2014. Mesmo em Salvador, o berço do gênero, houve uma queda de braço entre o axé e o sertanejo – com uma pequena vantagem para os novos caipiras: das dez canções mais executadas, apenas quatro eram de baianos (ainda que as duas primeiras colocações tenham ficado com as nativas Ivete Sangalo e Banda Cheiro de Amor). Entre músicos, radialistas e empresários do ramo, a previsão é que o Carnaval em Salvador vá enfrentar uma debandada de patrocinadores. “Não foi o axé que cansou, mas sim o modelo de Carnaval”, diz Ricardo Chaves, lendário puxador de trio – e que hoje integra o Alavontê, grupo que agrega veteranos do pop baiano. “O problema é que muitos axezeiros se esqueceram do público que segue o trio para reverenciar os convidados que ficam nos camarotes.” Saulo Fernandes, ex-vocalista da Banda Eva, também teme que o movimento tenha perdido o rumo – embora seja um defensor ferrenho do axé: “O gênero não morreu. O que morreu foi o sistema comercial axé music”.

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