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Atriz de ‘Bridgerton’ sobre cenas de sexo na série: ‘Não são gratuitas’

Em entrevista a VEJA, Phoebe Dynevor, que faz a heroína Daphne, fala sobre preparação para o papel e como foi atuar com um ‘coordenador de intimidade’

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 13 jan 2021, 15h58

Muito do sucesso da série Bridgerton, da Netflix, vem do carisma de seus atores protagonistas. É o caso de Phoebe Dynevor, intérprete de Daphne, jovem que começa a série com feição de menina e certo ar de ingênua para terminar a leva de oito episódios como uma mulher madura e decidida sobre o que quer. Aos 25 anos, Phoebe conseguiu acertar o tom para tornar crível a guinada da personagem – amadurecimento que, segundo a atriz inglesa, passa pela virada sexual de Daphne na trama. Em entrevista por videoconferência a VEJA, a atriz fala sobre o processo de preparação para o papel; paralelos entre o sexismo da época em que o roteiro se passa, em 1813, e os dias de hoje; além da famigerada curiosidade geral sobre como foram as gravações das cenas quentes com o ator (e bonitão) Regé-Jean Page:

 

Bridgerton é ambientada no século XIX, quando as mulheres tinham pouco ou nenhum poder na sociedade e até sobre as próprias escolhas. Como foi entrar nesse mundo – e que tipo de pesquisa a guiou? Tivemos a ajuda de uma historiadora, apesar de a série ser uma versão reimaginada do passado. Por isso, não ficamos presos aos fatos históricos, mas era importante entender esse mundo em que os direitos das mulheres eram suprimidos e como elas eram colocadas em um mercado de casamentos. Para Daphne, encontrar um marido era algo importante para o futuro dela, não só para que pudesse ter uma vida confortável, mas simplesmente para sobreviver naquele mundo. Outro ponto importante em que a historiadora nos ajudou foi para entender pequenos detalhes desse passado, e como os mesmos poderiam afetar as personagens. Por exemplo: muitas mulheres morriam no parto. Daphne quer muito um filho, mas isso também a deixa nervosa, pois, basicamente, na época, não se sabia se a mãe iria sobreviver. Todos estes detalhes ajudaram a construir o drama do roteiro.

Ao longo dessa pesquisa, percebeu similaridades com os dias de hoje? Sim. Algo que chamou minha atenção foi o papel de Lady Whistledown, a colunista social que tem atitudes muito próximas dos tabloides de hoje em dia, que exaltam uma mulher, a colocam num pedestal, depois a tiram de lá e se divertem em vê-la desmoronar. E, claro, o patriarcado continua. Ainda há muito sexismo na sociedade. Era muito pior, mas existem, sim, diversos paralelos entre aquela sociedade e a nossa, o que deixa a série ainda mais interessante.

A série tem dado o que falar pelas muitas cenas quentes entre sua personagem e o Duque de Hastings, papel de Regé-Jean Page. Vocês dois tiveram a ajuda de um “coordenador de intimidade”. O que exatamente esse profissional faz? Sim, tivemos um ótimo coordenador de intimidade. Basicamente, ele nos treinou antes das filmagens. Tivemos seis semanas de ensaio para todas as cenas antes de começar as gravações. Foi uma jornada, pois aquelas cenas de sexo não são gratuitas, elas têm uma razão. Elas contam uma história. São cenas que acompanham o amadurecer de Daphne, desde sua ingenuidade de nem saber o que era sexo até, eventualmente, ela ter controle sobre os próprios desejos e sexualidade. Então, esse ensaio ajudava a explorar essa descoberta. Quando chegamos ao set, sabíamos cada movimento. Eu sabia onde a mão dele iria estar, em que ponto a câmera estaria. Foi como um trabalho de dublê. Assim, tudo ficou bem mais fácil e confortável.

A série observa, portanto, o desejo sexual pelo ponto de vista feminino. Como analisa essa escolha criativa? É engraçado, pois trabalho como atriz há dez anos e esse olhar é raro. Quando eu li o roteiro, percebi como estamos acostumados a olhar para a mulher pelo ponto de vista do homem. Na linha de James Bond, em que ele observa enquanto a mulher é sexualizada em cena. Foi interessante ver um roteiro que inverte essa lógica. A Daphne é quem o observa, ela se sente atraída por ele, aquela paixão que ela sente eu não tinha visto antes. Para mim, foi importante contar a história de uma jovem mulher que descobre sua sexualidade, por isso as cenas de sexo foram tão relevantes.

Outra ousadia do roteiro é colocar pessoas negras em posições de destaque, em um período em que a escravidão ainda era uma realidade na Inglaterra. Como você reagiu quando soube dessa escolha para o elenco e qual sua opinião a respeito? Eu achei incrível. Me senti muito orgulhosa de ser parte de uma série que apostou tão forte em um elenco diverso. E também existiam muitas pessoas negras naquela época que não foram devidamente retratadas pela ficção, como o pugilista Will Mondrich (Martins Imhangbe), que foi inspirado em um lutador de boxe negro real. Há também historiadores que acreditam que a rainha Charlotte era birracial. Foi ótimo poder contar estas histórias e ver pessoas negras em posições de poder. Acredito que é extremamente importante que eles sejam vistos dessa forma nas telas. Espero ver mais iniciativas como essa no futuro.

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