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‘Araguaia’: uma nova ‘Pantanal’? Autor diz que não

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 set 2010, 03h02

Muito em Araguaia remete a Pantanal, sucesso do novelista Benedito Ruy Barbosa que por duas vezes fez barulho na TV: em 1990, quando, na extinta TV Manchete, ultrapassou por noites a Globo no Ibope, e em 2008, quando atingiu em diversas oportunidades a vice-liderança com uma versão re – e mal – editada da original. Matas, cavalos, uma paisagem idílica de interior. Romances à beira do rio. Mulheres sensuais saindo das águas. O autor, Walther Negrão, reconhece que a nova novela das seis pode agradar ao público que acompanhava a trama de Juma Marruá, mas diz apostar mais no espectador de outro folhetim seu, Tropicaliente (1994), e garante que não ter visto Pantanal nem tê-la como inspiração.

“Sou muito amigo do Benedito, mas não vi Pantanal“, diz, enquanto fuma um cigarro escondido da esposa do lado de fora da festa de lançamento de Araguaia, na casa noturna Moinho, zona leste paulistana. Lá dentro, Cléo Pires e Murilo Rosa, protagonistas da trama e vértices de um triângulo amoroso que inclui Milena Toscano, no papel da filha do tirano fazendeiro Max, vivido por Lima Duarte, eram os mais assediados pela imprensa e convidados. Duarte e Laura Cardoso, outro nome forte do elenco, dividiam uma mesa, bem servidos pelos garçons e suas bandejas de comidas típicas goianas que circulavam sem parar pelo ambiente. A dança era garantida por, entre outros, a atriz Tânia Alves, que subia e descia sensualmente sobre as pernas, num vestido colado.

Reaproveitamento de uma antiga ideia de Negrão, de quando ele escreveu a minissérie A Casa das Sete Mulheres, com Maria Adelaide Amaral, Araguaia originalmente se passaria em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. A infraestrutura, no entanto, não permitiu: hoje, não há vôos para a cidade. Mas os gaúchos permanecem na trama, até porque o ator Lima Duarte, que vive um dos principais deles, pediu para ter essa identidade. Estão também, em Araguaia, os índios e os mestiços locais, como o próprio Solano, cuja família, rival da de Max, emigrou do Rio Grande do Sul para Goiás por questões – ou paixões – indígenas.

O elemento indígena está presente ainda em um certo misticismo que cerca a trama. Ao se apaixonar por um índio do Araguaia que vai até os pampas roubar cavalos, a tataravó de Solano resolve migrar. Já em terras novas, porém, sua família é alvo da maldição de uma ciumenta índia, que faz com que todos os seus descendentes do sexo masculino morram às margens do rio que dá nome à trama. Como boa maldição de folhetim, essa persiste e, anos mais tarde, Estela, a índia interpretada por Cléo Pires, deve cuidar da morte de Solano, mas – outro ingrediente de folhetim – acabará se apaixonando por ele. Não se trata, contudo, de vilanizar os índios com num filme de faroeste. “O primeiro índio que aparece na história é um herói”, garante o autor, que, ao falar em misticismo, aproveita para contar que o “h” do seu nome é fruto da numerologia.

Além de estar longe de vilanizar os índios, a novela estaria próxima de transmitir uma mensagem ecologicamente correta. Ao menos, é o que afirmam Negrão e dois dos atores do elenco, Murilo Rosa e Milena Toscano. “Eu fiquei apaixonada pelo Araguaia, me tirou do eixo, me fez repensar a vida”, diz a atriz. Rosa, ao falar no tema ambiental, procura marcar distância – como fazem muitos na festa – entre Pantanal e Araguaia. Já Ângelo Antonio, aqui um delegado de direita e lá o peão Alcides, amancebado com a sofrida e divertida Maria Bruaca (Ângela Leal), torce para que a nova novela tenha a mesma força do épico de Juma Marruá e José Leôncio. “Eu sinto, nesse começo, uma pegada igual. Espero que tenha o mesmo brilho, porque Pantanal foi especial.” A música que abriu o vídeo de apresentação da novela para a imprensa, Tocando em Frente, de Almir Sater, aliás, era uma das faixas da trama de Benedito Ruy Barbosa, como lembrou o ator. “Percebeu?”

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