O guitarrista Eric Clapton provou mais uma vez que talento e noção não andam necessariamente juntos. Em uma carta enviada a um ativista antilockdown, Clapton reclamou que a vacina contra o coronavírus causou efeitos colaterais “desastrosos”. Segundo o músico, após a primeira dose da vacina da AstraZeneca, ele teria tido reações que duraram dez dias. Após a segunda dose, segundo ele, suas mãos e pés ficaram congelados, dormentes ou queimando. “Eles ficaram praticamente inúteis por duas semanas. Eu temi nunca mais tocar”, escreveu ele, que tem 76 anos. A autenticidade da carta, enviada a Robin Monotti Graziadei, foi confirmado pela revista Rolling Stone americana e divulgada pelo próprio ativista com autorização de Clapton.
Segundo especialistas, no entanto, a vacina é segura e os efeitos relatados pelo guitarrista são extremamente raros. Vale lembrar que em dezembro de 2020, Clapton gravou a música Stand and Deliver, em parceria com Van Morrison. Na letra ele reclamava das medidas de lockdown e distanciamento social, com versos como: “Você quer ser um homem livre ou um escravo?” Na carta, Clapton reclama das críticas que recebeu ao gravar a música de Morrison. “Gravei Stand and Deliver em 2020 e fui imediatamente tratado com desprezo”. Na ocasião, ele recebeu críticas por seu posicionamento polêmico e perigoso, e as pessoas relembraram as declarações de cunho racista de Clapton nos anos 1970.
A carta escrita pelo guitarrista vai além. Ele chama de “heróis” políticos antilockdon do Reino Unido, como Desmond Swayne, além de citar canais do YouTube com teorias conspiratórias. “Eu continuo a trilhar o caminho da rebelião passiva e tento seguir a linha para ser capaz de amar ativamente a minha família, mas é difícil me calar com o que sei agora”, escreveu.
Clapton afirmou ainda que ele está apenas tentando “salvar a música ao vivo”. Aparentemente, o artista não percebeu que foi somente após uma ampla campanha de vacinação no Reino Unido, aliada às medidas de distanciamento social, que o país finalmente está retornando à normalidade, com shows ao vivo, como o que aconteceu recentemente em Liverpool para 5.000 pessoas, todas vacinadas e testadas, sem máscaras e sem distanciamento.