Além de Rushdie e Rowling: os escritores que já foram ameaçados de morte
Autores do Brasil, China e Rússia integram lista de nomes que foram vítimas fatais ou estão sob eterno risco de vida por causa de suas obras e opiniões
Autor de Os Versos Satânicos, obra condenada pelos muçulmanos como uma blasfêmia contra o Alcorão, Salman Rushdie foi atacado na semana passada, mais de trinta anos depois de receber uma sentença de morte proferida então líder iraniano, Aiatolá Khomeini. Solidária a Rushdie, J.K. Rowling desejou que ele se recuperasse bem, mas a criadora do universo Harry Potter também recebeu uma ameaça pelo Twitter. Os dois autores integram uma lista de escritores que tiveram suas seguranças colocadas em risco por pessoas que não gostaram de suas obras – mais um exemplo é o brasileiro Jeferson Tenório, que precisou trocar sua palestra ao vivo em uma escola por uma via videoconferência por motivos de segurança.
Confira a lista de autores que já foram ameaçados de morte:
Jeferson Tenório
Autor do livro O Avesso da Pele, que fala de um professor negro assassinado por policiais que o abordaram como bandido, Tenório venceu o Prêmio Jabuti em 2021, e daria uma palestra em uma escola de Salvador neste ano. Morador de Porto Alegre, ele viajaria até a capital baiana apenas para o evento, mas recebeu mensagens de ódio em seu Instagram, dizendo que ele teria seu “CPF cancelado”, expressão que é um código macabro de milicianos para ameaça de morte. O escritor registrou um boletim de ocorrência, mas preferiu mudar o formato da conversa para não se arriscar. Após a palestra, ele ainda recebeu mais ameaças, dessa vez de torcedores do Esporte Clube Bahia, e teve de registrar um novo B.O..
Orhan Pamuk
Durante as investigações da morte de Hrant Dink, um jornalista, foi descoberto que sua morte fora encomendada por Yasin Hayal, que ameaçava também a vida do turco Orhan Pamuk, vencedor do prêmio Nobel de Literatura de 2006 e mais famoso autor turco no mundo. Corajoso, Pamuk chegou a ser processado por afirmar que “um milhão de armênios e 30 000 curdos foram assassinados na Turquia”, cutucando uma ferida que não cicatriza da história de seu país.
Anna Politkovskaia
Jornalista e ativista humanitária russa, Anna Politkovskaia ficou conhecida por duas duras críticas ao governo de Vladmir Putin, principalmente com a cobertura da segunda guerra da Chechênia (1999-2005), em que denunciou o presidente russo por corrupção e violações de direitos humanos. No livro Putin’s Russia: Life in a Failing Democracy, ela acusou diretamente o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) de sufocar todas as liberdades civis para estabelecer uma ditadura ao estilo soviético. Anna foi assassinada com cinco tiros de pistola em 7 de outubro de 2006, em Moscou, mesmo dia do 54º aniversário de Vladimir Putin.
Kum Veerabhadrappa
O romancista indiano Kum Veerabhadrappa recebe cartas com ameaçar de morte com certa frequência – já foram seis até o momento. Na última delas, enviada em abril para sua casa, uma pessoa ameaçava matá-lo caso ele não fizesse uma declaração pública elogiando Vinayak Damodar Savarkar, político e ativista que prega uma ideologia nacionalista. Veerabhadrappa é conhecido por ser contra a divisão e o ódio em Karnataka, estado indiano, e é acusado de ser “anti-nacionalista” por defender a minoria muçulmana local.