Este texto contém spoilers da 5ª temporada de The Crown
The Crown estreou sua 5ª temporada nesta quarta-feira, 9, mas será a primeira vez que o público verá a dramatização da família real britânica desde a morte da rainha Elizabeth II (1926-2022), o que por si só é um grande desafio para a Netflix. Além da gigante do streaming ser alvo de críticas dos súditos e até celebridades, como Judi Dench, pelo conteúdo da série, a nova leva de episódios focará no período mais conturbado da realeza, na década de 1990, quando, entre vários outros problemas, Charles e Diana se divorciaram. O agora rei Charles III, pelo menos, poderá ficar tranquilo na vida real, pois The Crown “passou pano” para os erros matrimoniais do então príncipe na ficção.
Durante o quinto episódio, intitulado O Que Vem Pela Frente, a relação entre Charles (Dominic Wes) e Diana (Elizabeth Debicki) vai de mal a pior. Casado, ele mantinha um caso extraconjugal com Camilla Barker Bowles (Olivia Williams). Na época, o ainda príncipe teve uma conversa íntima, por telefone, com a amante vazada à imprensa, o que pôs em xeque seu casamento e virou um escândalo na Inglaterra e no mundo. Vale ressaltar que durante os anos 90, esse tipo de invasão de privacidade era extremamente comum por parte de paparazzi e jornalistas de tabloides.
O grande problema com a situação retratada – que de fato aconteceu – em The Crown é que a série, apesar de apontar as atitudes condenáveis de Charles, termina o episódio exaltando a “bondade” do príncipe ao falar da instituição de caridade The Prince’s Trust, fundada por ele em 1976 para ajudar jovens desfavorecidos. Em tom de alegria, os créditos finais intercalam cenas do personagem dançando junto com jovens com trechos de textos explicando o projeto – o que destoa do clima do capítulo ao tentar redimir (sem sucesso) o príncipe de seus erros com Diana.
Curiosamente, o ator que interpreta o príncipe na nova temporada, Dominic West, atualmente é embaixador da The Prince’s Trust na vida real e antes de começar as gravações havia se oferecido para deixar o cargo caso fosse constatado conflito de interesses. Em entrevista ao Radio Times, West contou que a instituição recusou sua demissão através de um carta escrita pelo secretário particular de Charles, que dizia: “Você faz o que gosta, é ator. Não tem nada a ver com a gente”. Ao dar destaque para a fundação de caridade da qual o rei é presidente, parece que houve um aceno de gratidão.