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“Os negócios devem ser uma plataforma para a mudança positiva do mundo”

Bill Boulding, economista e reitor da Escola de Negócios Fuqua da Duke University, falou a VEJA sobre negócios e seu papel na sociedade

Por Sabrina Brito Atualizado em 20 Maio 2022, 17h51 - Publicado em 20 Maio 2022, 17h34

É inegável que a pandemia mudou a forma como fazemos negócios e enxergamos a economia. O próprio modo como encaramos empresas – que, por muito tempo, foram vistas como entes egoístas e egocêntricos – foi alterado.

É o que diz Bill Boulding, economista e reitor da Escola de Negócios Fuqua da Duke University, uma das melhores instituições de ensino dos Estados Unidos. VEJA conversou com o especialista sobre a pandemia e a importância das empresas.

Quão extenso é o impacto da pandemia sobre os negócios?

A pandemia interrompeu os negócios de uma forma que irá mudar para sempre como nós vemos a economia. A crise exigiu um nível de criatividade e persistência dos empresários que é inédito. Muitos negócios deixaram de ser feito cara a cara, e talvez nunca voltem ao plano presencial, pois se acostumaram ao ambiente online. Diversas pessoas foram forçadas a trabalhar de casa e descobriram que preferem esse modelo, levando empresas a pensarem modos de se adaptar aos novos tempos nesse sentido.

A que se deve a popularização do trinômio ESG pelo mundo?

Há diversos fatores. Um bom exemplo é o recente e crescente reconhecimento de que os negócios podem ser uma parte importante da sociedade, e de que eles podem ser usados para o bem. No passado, empresas eram frequentemente vistas como agentes egoístas, mas isso ficou para trás. Até mesmo CEOs têm enxergado suas empresas de forma diferente, criando a expectativa na sociedade de que a comunidade dos negócios terá um papel mais incisivo em questões como sustentabilidade.

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Como a Covid-19 afetou esse cenário?

A pandemia certamente levou mais pessoas a acreditarem que empresas devem ter papéis mais ativos em problemas comuns à sociedade, como a mudança climática.

Uma empresa se beneficia de técnicas ESG?

Certamente. O emprego desse método ajuda companhias a atraírem e manterem os melhores funcionários, já que hoje as pessoas valorizam muito mais empresas que trabalham com ESG – o que vale também para os indivíduos mais talentosos, que são quem os negócios querem contratar.

Por que levou tanto tempo para as empresas reconhecerem que têm um papel importante na sociedade para além do fator econômico?

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Ao menos em parte, isso se deve ao fato de que a comunidade dos negócios sempre teve um entendimento de sua importância restrita a fatores como a geração de empregos e a oferta de bens e serviços valiosos. Houve, assim, essa visão de que empresas podem oferecer dignidade ao homem. Isso ainda existe. O que mudou foi a percepção de que os negócios são uma instituição em que a sociedade confia, e, junto com isso, vêm deveres e obrigações, e não só benefícios. Por isso, seu poder de transformação deve ser usado em favor da sociedade como um todo.

O ESG é mais do que um meio de um negócio atrair mais consumidores, já que a importância atribuída a esse método cresceu?

A questão sobre se uma empresa opta por se comprometer com a sociedade porque é a coisa certa a se fazer ou se é porque ela pretende lucrar mais é muito complexa. Na minha opinião, há um pouco de tudo: existem, sim, pessoas que entendem a importância do ESG em relação ao seu impacto na sociedade; mas também há quem empregue esse método em interesse próprio. Para mim, o motivo não importa tanto, desde que as técnicas corretas e sustentáveis estejam sendo empregadas.

Se a confiança em negócios vem crescendo por parte da sociedade, o que eles devem fazer para fazer jus a essa confiança?

Essa é uma questão crítica. Hoje, se espera mais de uma empresa e de seu papel na sociedade do que há alguns séculos. A forma de fazer jus a isso é cumprir suas promessas, agir de modo consistente com as expectativas existente. Um indivíduo que comanda uma empresa precisa ter em mente a confiança que a sociedade deposita nele. Quando uma pessoa em posição de poder passar a tomar decisões contrárias ao interesse geral, essa confiança desaparecerá. Os negócios devem ser uma plataforma para a mudança positiva do mundo.

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