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Lego desiste de adotar plástico reciclado em seus brinquedos

Gestor afirma que medida aumentaria pegada de carbono da empresa

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 set 2023, 17h30 - Publicado em 29 set 2023, 17h00

Há dois anos, a Lego, a maior fabricante de brinquedos do mundo, anunciou que implementaria um plano ambicioso para substituir o plástico das suas peças por uma alternativa feita com politereftalato de etileno (PET) reciclado. Agora, no entanto, a empresa voltou atrás e afirmou que continuará procurando um substituto mais ecológico. 

De acordo com Niels Christiansen, chefe-executivo do grupo dinamarquês, em entrevista ao Financial Times, a mudança para o material reciclado aumentaria a pegada de carbono da Lego. O plástico reciclado tinha sido escolhido porque, com uma garrafa de 1 litro feita com PET, seria possível produzir até 10 peças clássicas do brinquedo de montar. Contudo, a fabricação exigiria mais etapas, aumentando o gasto de energia e impondo uma adaptação dos equipamentos, o que aumentaria indiretamente o nível de emissões. 

A empresa produz bilhões de peças anualmente e, por isso, desde 2021, busca alternativas ambientalmente sustentáveis para serem adotadas até 2032. As peças menores e mais flexíveis já foram substituídas por um bioplástico, mas o time de pesquisa continua buscando um material que possa ser utilizado nas peças maiores sem alterar as características qualitativas dos brinquedos. 

Um pedra no sapato 

Os plásticos, nome genérico dado a uma classe de polímeros sintéticos que são resistentes, flexíveis e duráveis, ganharam popularidade entre o final do século XIX e meados do século XX. Eles foram celebrados pela indústria por serem baratos e versáteis, mas na década de 1950 essa imagem começou a mudar. 

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Nessa época, além dos acidentes frequentes com crianças sendo sufocadas em sacolas plásticas, os movimentos ambientais começaram a ganhar força. A maior parte dos plásticos tem o petróleo como matéria-prima, e isso, por si só, já o tornaria pouco sustentável. Mas existe mais uma questão: na natureza, esses produtos, que até pouco tempo atrás eram inexistentes, podem demorar entre um século e um milênio para se decompor, o que os torna um grande poluente – em especial nos mares, onde boa parte desse lixo vai parar. 

Ambientalistas em todo o mundo lutam para que esse produto seja reciclado, o que resolveria uma grande parte do problema, mas não é o que acontece. Em todo o mundo, apenas 9% do plástico produzido é reciclado – no Brasil esse número não passa dos 25%. Isso acontece porque existe uma dificuldade logística de recuperar esses rejeitos e também porque o produto reciclado perde parte das suas características originais. 

“É possível encontrar esse tipo de resíduo até em regiões muito remotas do oceano, onde há pouca atividade humana, o que torna esse um problema global e onipresente”, afirma Alexander Turra, professor e pesquisador do Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo (USP). “Devido a essa característica, uma vez que esse material entre no mar, torna-se muito difícil de retirar, ele fica lá para sempre.”

Para tentar resolver esse problema, existem duas grandes frentes científicas. A primeira delas busca aumentar a eficiência do processo de reciclagem, através, principalmente, da digestão química e biotecnológica. A segunda tem como objetivo buscar plásticos biodegradáveis e de origens não fósseis – um relatório divulgado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), nesta sexta-feira, 29, analisou algum deles, e mostrou que há esperança nessa área. Há, de acordo com eles, pelo menos cinco alternativas biodegradáveis que poderiam ser completamente decompostas em um período de um ano. 

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