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Beleza da cor do mar: azul se torna tendência na maquiagem

Escolhido o tom do ano como símbolo do renascimento depois do recuo da pandemia, matiz ganha força com as grandes marcas

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 mar 2022, 16h09 - Publicado em 26 mar 2022, 08h00

“Eu não me canso da cor azul.” A frase é de Vincent van Gogh (1853-1890). E ainda bem que tenha sido assim, porque algumas das maravilhas que brotaram das telas do gênio impressionista têm no uso magnífico da tonalidade parte de sua beleza. Outro mestre holandês, o barroco Johannes Vermeer (1632-1675) gostava tanto dos tons azulados que quase levou sua família à falência quando decidiu comprar o então caríssimo pigmento “azul ultramar”. Na obra A dança, o francês Henri Matisse (1869-1954) limitou a paleta a três pigmentos: o azul, o laranja e o verde. O azul domina o quadro, como um céu a envolver os corpos em movimento. Pablo Picasso (1881-1973) também enamorou-se da tonalidade. Entre 1901 e 1904, passou pela fase azul, marcada por obras sombrias e monocromáticas. Para o espanhol, o pigmento representava tristeza, bem diferente da visão do neodadaísta francês Yves Klein (1928-1962), criador do Klein Blue (IKB), em 1956. O artista via no azul a transcendência dos aspectos abstratos da natureza tangível e visível, como o céu e o mar. O azul, argumentava Yves Klein, seria a mais imaterial das cores.

Agora, o matiz ressurge como símbolo de renascimento, abertura e criatividade no mundo que começa a sair da pandemia. Ele foi escolhido a cor do ano pela Pantone, empresa que é referência mundial para gráficas, na versão chamada de Very Peri 17-3938 e definida da seguinte maneira: “Apresenta uma atitude despreocupada e uma curiosidade instigante, que anima o nosso espírito criativo”. Em 1999, a Pantone já havia indicado o caminho ao lançar o azul cerúleo, de céu, como a cor do milênio e a tonalidade do futuro. Parece ter acertado em cheio.

DETALHES - Como batom, na boca, e na pintura de unhas: por se tratar de uma tonalidade contrastante, o ideal é usá-la com parcimônia, mas sem medo de ousar -
DETALHES - Como batom, na boca, e na pintura de unhas: por se tratar de uma tonalidade contrastante, o ideal é usá-la com parcimônia, mas sem medo de ousar – (Alessandro Viero/IMAXTREE.COM; ./Divulgação)

O universo da beleza, especialmente o da maquiagem, abraçou a tendência sem censura. Marcas como a francesa Givenchy e a canadense M.A.C., por exemplo, acabam de lançar batons azuis. No Brasil, O Boticário apostou nas sombras com os produtos da linha Intense by Manu Gavassi. Protagonista em desfiles internacionais como os das grifes Yves Saint Laurent, Gucci e Dion Lee, o pigmento vem sendo usado com certo ar de provocação, no avesso de sua imagem tradicional, associada a tranquilidade, serenidade e harmonia. “A utilização do azul na maquiagem é bem contraditória porque ele não é uma cor que combine com pele”, diz o maquiador Daniel Hernandez, que tem entre clientes Isabeli Fontana, Sabrina Sato e Naomi Campbell. Por ser uma cor fria, a paleta contrasta com os tons quentes da cútis. Contudo, o propósito é este mesmo: produzir ruído, algum desconforto.

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O azul atrelado à sombra ao redor dos olhos oferece dramaticidade ao rosto. Pode ser aplicada com pincel, esfumada ou adornada com pedrinhas brilhantes. A recomendação de quem entende dos pincéis é deixar o pigmento restrito a uma área do rosto, evitando exageros. A maquiagem dispensa o blush. Máscara de cílios, ao contrário, está liberada. Vale também a pintura de unhas. O fundamental é não ter medo de ousar, com alguma parcimônia, de mãos dadas com a cor da hora. Ou, como escreveu Clarice Lispector, logo depois de Gagarin nos informar que nosso planeta é da cor da ágata: “Para vermos o azul, olhamos para o céu. A Terra é azul para quem a olha do céu. Azul será uma cor em si, ou uma questão de distância? Ou uma questão de grande nostalgia? O inalcançável é sempre azul”.

Publicado em VEJA de 30 de março de 2022, edição nº 2782

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