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Escravidão atlântica foi inventada em pequena ilha africana, diz estudo

Propriedade açucareira do século 16 é o exemplo mais antigo de escravidão nas plantações encontrado até agora

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 ago 2023, 18h29 - Publicado em 18 ago 2023, 18h00

O sistema de plantation, baseado na produção monocultora e no trabalho de pessoas escravizadas, foi um fator central da colonização europeia. Apesar de amplamente utilizado nos processos de ocupação da América do Sul e do Norte, um estudo inédito revela que as primeiras bases desse tipo de produção podem ter começado ainda no continente africano, especificamente na Praia Melão, em São Tomé e Príncipe, no Golfo da Guiné. 

A Praia Melão foi o maior engenho de São Tomé, tendo funcionado entre os séculos XVI e XIX. A região se tornou um elo importante entre a Europa e a África. Apesar de seu solo rico e da abundância de água e madeira, a pequena ilha era considerada remota e letal, de forma que o assentamento era uma espécie de castigo, imposto principalmente a condenados, os chamados degredados, crianças portuguesas judias e pessoas escravizadas da costa africana. A escravidão era amplamente usada e ultrapassava, em muito, as plantações de cana-de-açúcar, sendo algo disseminado socialmente.

Apesar do ambiente hostil, o novo sistema implantado pela coroa portuguesa se mostrou efetivo, e na década de 1530, São Tomé ultrapassa a Madeira no fornecimento de açúcar para os mercados europeus. A ilha se torna então “a primeira economia de plantação nos trópicos baseada na monocultura do açúcar e no trabalho escravo, um modelo exportado para o Novo Mundo onde se desenvolveu e expandiu”, diz o estudo.

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Interior da área de trabalho: grafite na parede sul. A ilha de São Tomé, localizada no Golfo da Guiné, na costa ocidental da África, serviu como um importante ponto de conexão no comércio de escravos europeu-africano do século XVI – (MD Cruz/Reprodução)

A ascensão, no entanto, durou menos que as ambições colonizadoras. No início do século XVII, a proeminente produção açucareira brasileira entrava no mercado e a resistência escrava da Praia Melão instabilizava ainda mais a produção local. O cenário se tornou menos atrativo para os senhores de engenho e incentivou uma onda migratória para a América do Sul, sobretudo para o Brasil. A população europeia escasseou, enquanto uma elite dominada por negros livres e descendentes birraciais de europeus passaram a dominar a terra e o comércio local. 

Apesar da importância central da Praia Melão na implantação do sistema plantation, a região nunca havia sido amplamente estudada por arqueólogos, o que contribuiu para o desconhecimento de sua importância como um dos primeiros modelos de colonização. A equipe envolvida no estudo destacou o estado avançado de degradação das estruturas centenárias que faziam parte dos primeiros engenhos alertou para a necessidade de preservação desses sítios arqueológicos.

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