Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês

Walcyr Carrasco

Por Walcyr Carrasco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

Como uma onda no mar

Nossa existência tem caminhos imprevisíveis — e isso é viver

Por Walcyr Carrasco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 09h45 - Publicado em 1 out 2023, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Cirurgia plástica
    O surfista Al Mennie aguarda para entrar no mar, enquanto uma onda gigante se choca contra o pier Castlerock, durante a chegada da tempestade Bárbara em Coleraine, Irlanda do Norte (Charles McQuillan/Getty Images)

    Tão claro quanto a luz do sol, eu percebo que a vida não é linear. Ao contrário do que muitos pensam, ela está mais para um círculo, com altos e baixos, direitas e esquerdas, e os sonhos que fazem o coração bater mais forte. Quando eu dei meus primeiros passos na minha trajetória, era apenas um garoto indeciso e até mesmo pouco informado. Porque as decisões são tomadas à medida que a vida acontece, e não como um projeto arquitetônico em que cada maçaneta já está no lugar previsto. A vida vai acontecendo, mas ela também nos conta como é. Por isso gosto da comparação com ondas, onde um momento se sobrepõe a outro, os fatos se entrelaçam e uma decisão ou um acontecimento que parecia bobo mais tarde, que surpresa, se revela o alicerce de tudo.

    Publicidade

    Uma amiga atriz me contou que, para ela, sua profissão era semelhante a pegar uma onda. Há de se ter técnica e o fortalecimento de certos músculos antes de se subir na prancha, há de se conhecer minimamente o mar e seus ciclos para saber a hora certa de entrar, ops…, e também de sair. Mais que tudo, há de se saber nadar. E, quando finalmente a gente consegue ficar de pé na prancha e surfar, existe um outro que foi mais rápido, um terceiro que caiu e tomou um caixote. Se conseguir chegar até o final, parabéns, você já pode voltar a furar as ondas em busca de outra oportunidade de se erguer. Sabendo que o inesperado pode acontecer. A amiga que era atriz vive hoje na selva amazônica dentro de uma comunidade indígena. O garoto indígena pode se transformar em um modelo nas passarelas internacionais. Uma prima se formou em língua inglesa na UnB, conseguiu um estágio em Washington D.C., fez uma especialização na área da saúde e hoje é a principal responsável pelas pesquisas do departamento da América do Sul na ONU. O que vivemos hoje pode ser apenas um livro que estamos lendo para saber no que vamos nos tornar num breve futuro. Existe uma ansiedade na decisão do que nossos jovens vão ser. Como se essa decisão fosse algo que não pudesse ser mudado. Caminho se conhece andando.

    Publicidade

    “Tão claro quanto a luz do sol, percebo que a vida não é linear. Está mais para um círculo, com altos e baixos”

    Para Daniel Munduruku, nunca se deve perguntar para uma criança o que ela vai ser quando crescer. Essa pergunta implica tratá-­la como adulto em miniatura, um projeto. Criança precisa ser criança e cabe aos adultos oferecer as condições para que o sejam, única garantia de adultos saudáveis.

    Publicidade

    Abraçando a imponderabilidade, conseguiremos sobreviver às inúmeras tentativas de fazer você se afogar nesse mar daquilo que for ilusão a seu redor, o que o impediria de cumprir o propósito maior, que é ser diverso, diferente, autêntico, singular, autoral. Penso que só será possível ser autoral se conseguir ser você, no exercício do singular. Por isso, temos de colocar a cabeça pra fora desse mar e respirar fundo. Não se afobar. Não se afogar, sobreviver. Há muito a percorrer e nadar. Penso que você é um bom nadador.

    Continua após a publicidade

    Termino esse texto com uma música do mestre Lulu Santos na cabeça: “Nada do que foi será / de novo do jeito / que já foi um dia / tudo passa / tudo sempre passará”.

    Publicidade

    Como uma onda no mar.

    Publicado em VEJA de 29 de setembro de 2023, edição nº 2861

    Publicidade
    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    3 meses por 12,00
    (equivalente a 4,00/mês)

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.