Falamos com o motorista do Uber que gravou um morador de rua sendo agredido em São Paulo
Uma gravação de sete segundos está indignando a internet. A filmagem mostra um morador de rua sendo agredido, enquanto dormia, por um homem engravatado que passava, junto a um grupo, na rua Joaquim Gustavo, no bairro da República, em São Paulo. Confira o vídeo, registrado pelo motorista do Uber Maicon Campos, de 25 anos, na […]
Uma gravação de sete segundos está indignando a internet. A filmagem mostra um morador de rua sendo agredido, enquanto dormia, por um homem engravatado que passava, junto a um grupo, na rua Joaquim Gustavo, no bairro da República, em São Paulo.
Confira o vídeo, registrado pelo motorista do Uber Maicon Campos, de 25 anos, na última sexta-feira (7):
Maicon havia deixado um passageiro na região e estava parado na rua esperando por uma nova chamada, quando o agressor passou acompanhado de dois colegas. Ele conta que o homem de camisa social azul foi o primeiro a chutar o morador, mas que ele só conseguiu gravar a segunda agressão.
Ao #VirouViral, o motorista contou como foi o momento:
Por que você resolveu gravar a agressão? Vi que o morador de rua foi agredido sem nada ter feito. Nem depois do chute ele se defendeu. Como eu já estava com o celular na mão, tive o impulso de filmar. Quando os homens estavam indo embora, porém, foi que conclui que eles não poderiam sair impunes dessa. Corri atrás.
Você queria tirar satisfação? Não. Minha intenção era descobrir onde eles trabalhavam e, com isso, poder denunciá-los. Mas quando virei a esquina, seguindo-os, notei que eles estavam conversando com um policial. Sem pensar, me intrometi na conversa e contei o que acabara de ver.
O que o policial fez? Ele relatou que não podia fazer nada porque não havia pego os indivíduos no flagrante. Isso apesar de eu ter mostrado o vídeo para ele, com a cena de violência. Não adiantou. O policial acabou me mandando à delegacia mais próxima, para registrar a ocorrência. Fiquei indignado porque eu estava com a prova na mão e os culpados estavam na frente dele. Tentei ir em outra base policial, mas me disseram a mesma coisa.
E você registrou a ocorrência? Não. Sabia que ia dar em nada. Por isso decidi postar o vídeo no Facebook, uns 30 minutos depois do ocorrido. Queria mostrar aos meus amigos como eu estava indignado com aquilo. A gravação teve repercussão, primeiro, na minha timeline, mas só entre os meus conhecidos. Viralizou, mesmo, depois, quando o comediante Gerson Carneiro (famoso na internet) e o ator global Cauã Reymond compartilharam o post.
Você não ficou com medo de sofrer represálias? No momento da gravação, um pouco. Não fui defender, fisicamente, o morador de rua porque eles estavam em três e também percebi que não iam bater mais nele. Quando fui falar com eles, me senti seguro porque o policial estava junto. Porém, o único homem que não chutou a vítima fotografou a placa do meu carro. Mesmo assim, não tenho medo porque ele não sabe mais nada de mim além disso.
Então, você não se arrepende de ter gravado o vídeo? Não. Mas tenho receio do agressor sofrer alguma retaliação agora que o vídeo viralizou. No momento do ato, o morador de rua não fez, absolutamente, nada. Porém, não sei o que aconteceu antes. Os culpados têm que ser julgados pela Justiça e não por alguém que decidir fazer o mesmo que eles fizeram: partir para a violência, por conta própria.