A silenciosa e aparentemente fria quadra de tênis ganhou a temperatura de uma ensaiada luta de gladiadores no filme Borg vs McEnroe, em cartaz no Brasil. Ponto para o cineasta dinamarquês Janus Metz, que pegou uma das histórias mais marcantes do esporte e conseguiu ampliar a narrativa, entrando na intimidade dos jogadores, ao mesmo tempo em que filmou com vigor a encenação da final de 1980 no torneio de Wimbledon.
No evento, o sueco Björn Borg, quatro vezes campeão e número 1 do mundo, encara o nova-iorquino John McEnroe, um esquentado rapaz que busca seu primeiro título no campeonato e também a promoção de segundo para melhor do mundo. O quarto set do jogo é de tirar o fôlego até de quem nada manja de tênis.
Na ficção, Sverrir Gudnason dá vida ao frio Borg, que vive um radical rito de passagem entre a adolescência e a vida adulta. Irritadiço e de uma família humilde, o rapaz precisa aprender a conter suas emoções à flor da pele para encontrar um lugar no esporte, que não só demanda autocontrole, mas é também destinado a um determinado padrão social de comportamento – como deixa claro o primeiro clube onde ele treina na Suécia.
Já McEnroe serve com perfeição no rebelde Shia LaBeouf. O ator-problema de Hollywood dá ao esportista os nervos que fizeram dele um prato saboroso para a mídia da época. Em um caminho contrário ao do rival, McEnroe se mostra um garoto calmo e controlado na infância, conduta que muda com a insistente cobrança dos pais para que ele seja o melhor. A força emocional então é medida com a mesma relevância que o poder dos braços dos atletas — fator decisivo para o resultado daquele jogo, e de outros que aconteceriam entre eles.
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