(Em cartaz a partir da terça-feira, 16, no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília) Da infância ao fim da vida, Athos Bulcão (1918-2008) sempre chamou atenção por sua timidez inquebrantável. É irônico, pois, que aquele homem de presença pessoal discretíssima seja um artista que assoma com eloquência única nos espaços públicos brasileiros. Bulcão foi discípulo de Candido Portinari, a quem auxiliou na produção do célebre painel de São Francisco de Assis na Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte. Mas ganhou luz própria como parceiro do arquiteto Oscar Niemeyer, em projetos de prédios pelo país em geral — e na criação de Brasília, em particular. É ele o artista genial por trás da azulejaria modernista dos palácios e ministérios da capital federal, que o carioca de nascimento Bulcão adotou como lar desde a construção — foi lá que morreu. A mostra que comemora seu centenário tem como ápice, inevitavelmente, os azulejos e demais trabalhos arquitetônicos. Mas o acervo de 300 itens prova que o talento de Bulcão vai muito além disso: ele foi pintor abstrato e de telas primitivistas que falam de Carnaval e religião, além de autor de bem-humoradas colagens.