O perfil dos casais que mais procuram reprodução humana assistida
Bate-papo com o médico João Ricardo Auler, referência em tratamentos de infertilidade
Responsável por mais de três mil nascimentos, o médico carioca João Ricardo Auler, 63 anos, especializado em reprodução humana assistida, viu aumentar consideravelmente a procura no período pós-pandemia por quem sonha com a maternidade e a paternidade. Essa demanda reprimida estimulou Auler a revitalizar seu programa social “Projeto Vida”, que visa a dar oportunidade para todas as classes sociais. Os casais homoafetivos têm liderado o ranking de novas procura, seguidos pelas produções independentes e de pessoas com idade mais avançada.
Diretor da primeira clínica a cumprir todas a exigências e receber a autorização da Anvisa para realizar reprodução assistida, Auler coleciona histórias emocionantes e – até engraçadas. “Pedi a uma paciente que tomasse uma medicação a noite e 36 horas após, sem falta, fosse a clínica fazer a aspiração. Depois desse prazo, ela começaria a ovular. Ela e o marido ficaram presos num engarrafamento. Desesperado, o marido parou um motoqueiro e pagou a ele pra levar a mulher até a clínica, sem atrasar um minuto sequer”, diz.
A seguir, o bate-papo com a VEJA.
Qual é o perfil médio dos clientes que procuram tratamento?
Pacientes de classe média. São casais com problemas de infertilidade, mulheres independentes que buscam a estabilidade profissional para depois realizarem o sonho da maternidade e casais homoafetivos que querem formar a sua família.
Pode falar mais sobre esse projeto de cunho social?
Fizemos uma parceria com os profissionais envolvidos na parte clínica e laboratorial e conseguimos manter o alto padrão técnico e, ainda, fazer um custo mais acessível para as pacientes. A consulta pode ser feita via plano de saúde, assim como a maioria dos exames, minimizando o custo real do tratamento em mais de 30% (o custo total é de cerca de R$ 20 mil reais). O que justifica esse custo reduzido é o fato de todos os exames diagnósticos e os procedimentos para fertilização serem realizados na própria clínica por nossa equipe de especialistas em problemas de infertilidade, o que gera comodidade para as pacientes. O que queremos é realizar o sonho de pessoas em construir novas famílias.
Conte uma história que te emocionou nesse tempo de atuação?
A história que mais me emocionou foi a de um casal, a Cláudia e o Marcelo Repetto, que perdeu as duas filhas na tragédia de Angra dos Reis, naquele deslizamento de terra por causa as chuvas na virada do ano de 2010. Eles passaram por uma tristeza profunda e me procuraram querendo engravidar, uma forma de recobrar a alegria perdida com o desastre. Eles colocaram uma responsabilidade enorme em minhas mãos. Vencemos! Aos 46 anos ela estava grávida. E de trigêmeos. Para mim, eles são o símbolo da superação. Esse casal é um exemplo de que é possível recomeçar a vida.