A voz potente de Gal Costa marcou a Música Popular Brasileira e o movimento da Tropicália. A cantora, que morreu nesta quarta-feira, 9, aos 77 anos, vítima de um infarto, é referência ao lado de grandes nomes, como o de Gilberto Gil e Caetano Veloso. O crítico musical e professor na PUC-Rio Arthur Dapieve assim explica a importância da artista e sua singularidade: “A voz da Gal foi única na MPB porque ela cantava de uma maneira que parecia nem respirar, com uma habilidade incrível. Não se percebe onde ela está respirando na música, é um desafio para todo cantor. Ela fazia isso com extrema leveza, fluidez e com afinação perfeita. E tinha ainda um bom gosto de repertório danado! Também havia o lado comportamental de desafiar convenções sociais, se posicionar politicamente contra a ditadura militar. O conjunto da pessoa Gal Costa é algo extraordinário”, analisa.
Segundo o crítico musical e pesquisador Rodrigo Faour, a voz de Gal permitia um repertório eclético e variado. “Gal Costa, além da excelência vocal, foi uma intérprete eclética que conseguia passar verdade seja em canções singelas e de raiz, quanto vanguardistas e sofisticadas na mesma intensidade. Além disso, foi musa da geração do desbunde comportamental, da contracultura, de fins dos 1960 até os anos 1970, numa época de caretice e ditadura, em um Brasil ainda muito mais machista do que hoje”.