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Mercado de trabalho no país deve ser mais igualitário em 2190, diz estudo

Luana Génot, presidente do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), apresenta relatório de desigualdade de oportunidades a VEJA

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Giovanna Fraguito Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 nov 2023, 10h32 - Publicado em 20 nov 2023, 10h30

O cenário do mercado de trabalho do Brasil só deve se tornar mais igualitário por volta de 2190. Isso significa que levará 167 anos, a partir de 2023, para que o desemprego entre pessoas negras e brancas se equilibre. Esta é a conclusão de um estudo do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), organização sem fins lucrativos comprometida com a aceleração da promoção da igualdade racial. No relatório, se evidencia a desigualdade no mercado de trabalho brasileiro. Em conversa com a coluna, Luana Génot, 34 anos, presidente e diretora executiva do ID_BR fala sobre os desafios que o país ainda tem pela frente.

Que exemplos de políticas inclusivas podem ser realizadas para eliminar a desigualdade racial no mercado de trabalho? Existe uma série de políticas, tanto pelo setor público, quanto pelo setor privado. Campanhas de letramento racial podem ser encabeçadas pelos governos federal, estadual e municipal. Além disso, precisamos de campanhas e treinamentos para incentivar professores a aplicar a lei 10639 em diversas disciplinas. Importante reforçar políticas públicas não só para a entrada, mas a permanência de jovens negros e indígenas nas escolas, universidades, nas iniciativas cientificas, nos intercâmbios, nos cursos de idiomas, entre outros. É importante que a iniciativa privada tenha treinamentos sistemáticos e contínuos sobre o tema e que desenhem processos mais afirmativos, ou seja direcionados a grupos minorizados. A inclusão e o antirracismo precisam ser pautas de todas as pessoas.

Por que essa desigualdade ainda persiste tão gritante em 2023? Outro dia perguntei ao meu time qual o maior concorrente do ID_BR, Instituto em que sou fundadora Diretora Executiva. Somos uma ONG pioneira no Brasil e comprometida com a aceleração da promoção da igualdade racial, por meio de ações com empresas, organizações, governos e escolas. Depois de algumas respostas, chegamos à conclusão de que nossa principal barreira é a inércia. Muitas pessoas deixam de agir proativamente pela pauta porque ela é complexa.

Quais são as raízes disso no Brasil? As raízes desta inércia são históricas e culminam com a escravidão e a colonização que geram consequências até hoje e versam sobre a manutenção de poder na mão de poucos, especialmente entre pessoas brancas. E todas as pessoas perdem com a manutenção de sociedade tão desigual. Precisamos de um movimento intencional de múltiplos setores para acelerar essa pauta. Temos a oportunidade de fazer isso agora.

Com a mudança de governo no Brasil, esse quadro tende a melhorar? Esse governo tem colocado em pauta assuntos que não tinham prioridade nos últimos anos. A criação do Ministério dos Povos Originários, a volta do Ministério da Igualdade Racial, a volta do Conselhão, do qual sou parte, unindo pessoas negras, indígenas, mulheres, pessoas com deficiência, pessoas integrantes do grupo LGBTQIAPN+, entre tantos outros, que discute pautas importantes desse segmento e leva até o presidente a escolha intencional de pessoas negras e indígenas para ocupar cargos nos Ministérios, tudo isso ajuda, de fato, a trabalhar o tema de forma efetiva.

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A falta de verba nesses ministérios não é um entrave? É preciso destinar verba, é preciso ter espaço para trabalhar e colocar os planejamentos em prática e isso também se aplica às empresas. Não é só ter o grupo de diversidade, é preciso investir nele, é preciso ter orçamento. Nunca tivemos uma ministra negra no STF, temos uma representatividade baixíssima de mulheres, apesar desse governo prometer ser mais inclusivo, ainda temos um caminho pela frente para alcançar a igualdade racial, ainda mais se considerarmos tantos recortes dentro da questão racial. Espero que o caminho não seja tão longo.

Os brasileiros têm se tornado mais conscientes em relação a desigualdades raciais? Em 2020 tivemos uma grande mobilização após a morte de George Floyd, homem negro assassinado por um policial americano branco, e o movimento Black Lives Matter. Nesse ano, tivemos também uma grande procura sobre a pauta racial, não só nos Estados Unidos, mas em várias partes do mundo, inclusive, no Brasil. Aqui, temos um George Floyd morto a cada 23 minutos. E apesar de sabermos sobre as desigualdades visíveis em vários âmbitos da sociedade, ainda não temos uma sociedade que esteja, de fato, se movimentando para mudar essa realidade. Acredito que o assunto vem sendo mais disseminado, algumas empresas conseguiram mudar seus quadros, com um impacto ainda não tão grande entre lideranças, que continuam sendo majoritariamente homens brancos.

 

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