‘Dá trabalho convencer os Marinhos a virem com agenda de inclusão’
A potente fala de Preto Zezé, presidente global da Central Única das Favelas
Difícil definir Preto Zezé, nascido Francisco José Pereira de Lima, num só nome. Aos 47 anos, é um empreendedor, produtor artístico e musical, escritor e ativista brasileiro, atualmente presidente global da Central Única das Favelas (CUFA), com sede em Nova York. Ex-lavador de carros nas ruas de Fortaleza (CE), Preto Zezé é o mais velho de cinco filhos criados na favela das Quadras. Ainda jovem, criou o Movimento Cultura de Rua, atuando na luta pelos direitos civis nas comunidades carentes, por meio de ações culturais e sociais.
Tornou-se líder de agendas positivas e potentes pelas favelas do mundo, uma das pessoas mais influentes da América Latina para pautas de inclusão social. Em recente evento no Rio, falou sobre a importância de mudar a visão sobre as favelas e principalmente sobre a inclusão de negros no mercado de trabalho e em posições de liderança dentro das empresas. Com seu papo reto, comentou sobre a necessidade das empresas porem em prática o discurso da diversidade. “Eu sei que o Brasil é branco no poder, eu tenho que ter uma inteligência de converter. Xingar os brancos é muito fácil, chegar em uma reunião da Globo e xingar os Marinhos (herdeiros do Grupo Globo) é fácil… Agora, convencer os Marinhos a virem com uma agenda de inclusão dá trabalho. Mas isso gera a mudança de percepção das coisas”, declarou durante um painel no Rio2C, ao lado de Regina Casé.
“Eu falei para o Lula antes de ir para a China: ‘O Brasil está em outro naipe. Não dá para ficar com essa cabecinha de esquerda tbt (volta no tempo). Fizemos isso, foi legal. Mas agora não vai render…’. Tem que ter claro que a gente vai ter uma sociedade mais exigente. A gente, a comunicação, tem a capacidade de plantar um triplex de ambição na cabeça das pessoas”, declarou, sem dizer o que o presidente achou dessa alfinetada.
Confira vídeos da cobertura do Rio2C: