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Cláudia Abreu: ‘Ser feminista não necessita que seja ativista constante’

Atriz, em cartaz com texto de Virginia Woolf, fala a VEJA sobre temáticas que rondam seu trabalho atual

Por Giovanna Fraguito Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 dez 2023, 17h00

Mrs Dalloway é um dos livros mais famosos de Virginia Woolf [1882 – 1941]. A obra trouxe um novo formato de escrita, que mistura presente com flashbacks, alternados com reflexões mentais da personagem, flertando com psicologia e filosofia. Inspirada na vida e na obra da autora inglesa de forte inspiração para as feministas do século XX, Cláudia Abreu, 53 anos, montou o primeiro monólogo de sua carreira. Ela interpreta oito papéis no palco, além da personagem-título. São as vozes da consciência de Virginia em seus últimos instantes de vida, enquanto ela afundava num rio com os bolsos cheios de pedras, prestes a cometer suicídio. O solo passou pelo Rio de Janeiro depois de um ano da estreia. Em conversa com a coluna, a atriz fala desse momento “solitário” no palco e de como encara os desafios trazidos pelo streaming.

Leia também: O medo de Cláudia Abreu ao manusear armas em novo filme

Cláudia Abreu faz peça feminista e fala de fase solteira

O mistério no set da série ‘Desalma’ que assustou Cláudia Abreu

Virginia tem forte contribuição para correntes do feminismo. Você se considera feminista? Ser feminista não necessita que você seja uma ativista constante, que fique o tempo inteiro da militância. Ser uma mulher e ter consciência dos seus direitos, da igualdade, das condições básicas que precisamos para sermos respeitadas, assim você será feminista. Nada mais é do que querer o básico. E um dos fatos que falo na peça é essa condição feminina, que não mudou tanto em 100 anos.

Você ja sofreu machismo? Não saberia te dizer exatamente quando sofri machismo, as mulheres sofrem machismo diversos no dia a dia. É uma sociedade machista.

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Sente-se privilegiada por não saber detalhar isso? Não passei pelas situações extremas que Virginia passou de opressão masculina. De ter sido impedida de frequentar a escola por ser mulher, nem de ter sofrido abuso sexual ou moral. Sem dúvidas, não vivi esses aspectos. Mas a sociedade apresenta machismo nas mínimas coisas. Desde uma situação do trabalho ou no cotidiano. Mas não colocaria isso como um lugar de privilégio. É uma questão que acontece independentemente da classe social.

Na peça vemos os momentos finais do suicídio de Virgina. O que pensa sobre o tema? O suicídio é o tema central da peça. Tive que enfrentar ele de frente, apesar de ser tabu. Poderia ter feito qualquer outro recorte, mas ao mesmo tempo foi exatamente o suicídio que me chamou a atenção. Como uma pessoa que tentou se matar outras vezes, e que de fato se dá conta que está conseguindo se matar, entrando num delírio de falta de oxigenação, de perceber que vai morrer… O que passa na cabeça dessa pessoa? Algum arrependimento, saudade, alívio… É muito essa minha reflexão sobre o que passou.

Você já comentou que teve resistência em fazer monólogo por gostar do movimento com outros atores. A Cláudia aprendeu a ser solitária? Foi liberdade entender que posso ser solitária. A gente acha que depende sempre do outro. Há sempre esse tabu da solitude, e foi interessante descobrir que existe uma grande liberdade nisso.

Isso se traduz na vida? Sim, conseguir ser uma boa companhia para si mesma é uma grande liberdade.

Você destaca que, dentro da história dela, algo moderno é o desejo por mulheres. O que uma mulher apresenta a outra numa relação que o homem não traz? Cada vez mais não gostaria de colocar esse aspecto tão definido de homem e mulher. Obviamente os homens culturalmente são criados de uma maneira, assim como as mulheres. Mas é interessante pensar nas pessoas sem esse clichê, de que o homem tem sempre o mesmo comportamento, seja ele quem for, e as mulheres também. As mulheres podem ter comportamentos machistas e homens podem ser menos machistas e mais flexíveis dentro da própria masculinidade. Prefiro olhar cada um.

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Isso também nas suas relações? A gente tem que se relacionar com as pessoas como elas são. Não vendo uma coisa já pré-concebida, que o homem é sempre machista. Existem encontros e, dentro dos encontros, se pode melhorar. Você pode se tornar menos machista, pode aprender com o outro, a flexibilizar seus preconceitos, sua educação, sua caretice, os encontros são transformadores.

Enquanto várias colegas suas debandam para o streaming, você declara que considera “novela uma arte democrática”. Pode explicar mais sobre? Existe agora essa explosão que é o streaming, um grande mercado que é muito bem-vindo. E as pessoas questionam: ‘mas você não vai voltar a fazer novela?’. Claro que sim, se tiver convite interessante, vou fazer. É importante no Brasil, onde nem todos podem pagar por streaming, ir ao teatro, ir ao cinema, que se faça novela para honrar o público. Não se pode desprezar a novela como arte democrática e popular.

Dentro das recentes produções você fez no streaming, Desalma (do Globoplay) foi cancelada. Esse é o grande mal das séries? Essas obras sempre vão ter essa questão, podem continuar infinitamente e podem de alguma maneira ser interrompidas por alguma questão econômica. Mas é claro que é muito bom concluir quando se tem um arco de história. Desalma, por exemplo, teve duas temporadas que contaram bem a história da comunidade ucraniana no Brasil.

Não ter concluído a série te frustrou? Não, respeitei a decisão. Claro que existe desejo de conclusão, mas acho que a minha personagem, por exemplo, a história dela se concluiu. A terceira temporada seria uma incógnita.

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