Atriz tupi-guarani estreia na Globo: ‘Dizem que sou bicho do mato’
Dandara Queiroz faz sucesso como modelo e estreia como protagonista de ‘Histórias Impossíveis’
Dandara Queiroz foi a protagonista de Histórias Impossíveis – Falas da Terra, da TV Globo, no episódio desta segunda-feira, 17, que homenageou os povos indígenas. Na trama, ela dá vida a uma rapper, Josy, que busca usar a música como forma de expressão para as questões atuais vividas pelos povos originários. Na vida real, a jovem de 25 anos, descendente dos povos tupi-guarani, atua como modelo há dois anos. “Quando eu tinha 14 anos já tinha tentado [ser modelo] e tinha dado tudo errado. O meu perfil não era muito procurado, mas agora com essa ascensão de diversidade e beleza brasileira, fluiu”.
Dandara nasceu em Araçatuba, interior de São Paulo, e foi criada em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. Como modelo, detém o título de recordista de desfiles na São Paulo Fashion Week, conquistado em 2022, além de passagens pelo mercado internacional, editoriais para Vogue, Elle e L’Officiel. Em paralelo à carreira artística, Dandara formou-se em Arquitetura e Urbanismo e gosta de manter algumas das tradições indígenas. “Depois que busquei a minha ancestralidade, me conectei espiritualmente com as energias que correm nas minhas veias. Então o rapé, o petyngua, que é o cachimbo, os banhos em água corrente, as pedras, são de origem xamânica, que me fortalecem”, explicou.
Ela também conta como descobriu a origem tupi-guarani. “Eu sempre soube que tinha origem indígena, mas não sabia da minha etnia. Depois que entrei no mundo da moda, busquei entender minha ancestralidade. Fiz o exame de DNA para entender melhor e descobri que sou tupi-guarani. Nasci na cidade e busquei esse contato, atualmente frequento aldeia, fui adotada por uma que fica em Itanhaém”.
Essa foi a primeira experiência interpretando na televisão, mas Dandara sonha mais alto. “Eu vim de uma realidade muito simples, não tinha condição de fazer nada. Mas agora sou independente, me apaixonei pelo mundo das cênicas e estou me dedicando muito para ter outras oportunidades como atriz”, pontua. “As pessoas querem fazer piadinhas, dizer que eu sou bicho do mato, questionam se estou com celular, maquiagem. Na escola, ouvia muitas piadas. E isso não era considerado uma ofensa”, ressalta a jovem, que considera esse preconceito, claro, inaceitável.