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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O que Bolsonaro e Biden ganham com o encontro em Los Angeles

O primeiro encontro entre os presidentes do Brasil e dos EUA é uma trégua nas relações

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 jun 2022, 11h36

Os presidentes Jair Bolsonaro e Joe Biden conversam pela primeira vez nesta semana em reunião bilateral paralela à Cúpula das Américas, em Los Angeles. A reunião, a princípio prevista para quinta-feira, dia 9, foi uma exigência de Bolsonaro que ameaçava boicotar o fórum. Com as ausências confirmadas dos presidentes do México e da Argentina e sob o risco de a Cúpula ser um fracasso, os EUA aceitaram.

Bolsonaro e Biden não se gostam. O Brasil foi o penúltimo país a reconhecer a vitória de Biden e Bolsonaro o único líder estrangeiro a afirmar que a eleição americana foi fraudada. Na campanha de 2020, Biden citou o desmatamento na Amazônia como exemplo da falta de liderança americana nos EUA e prometeu a criação de um fundo bilionário de preservação que nunca saiu do papel.

No encontro de duas semanas atrás com o enviado dos EUA, o ex-senador Chris Dodd, Bolsonaro reclamou que Biden lhe ignorou no G20 da Itália, em outubro passado. Ele disse ao ex-senador ter sido mais bem tratado por Vladimir Putin na viagem a Moscou, em janeiro, logo antes da invasão russa da Ucrânia. Com a garantia de que Biden seria cortês, Bolsonaro confirmou a viagem.

“Eu estava propenso a não comparecer. Não vou para lá sorrir, apertar a mão e aparecer em fotografia, vou para resolver os assuntos e não, como alguns querem, que eu acolha uma pauta internacional para ficar bem na foto. Então iremos falar a posição do Brasil, falar o que havia tratado com o presidente Donald Trump para continuarmos essa política”, disse Bolsonaro.

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Traduzindo a declaração do presidente: “pauta internacional para ficar bem na foto” é como o Palácio do Planalto trata a agenda de preservação da Amazônia. Com Donald Trump, Bolsonaro havia acertado uma parceria para a exploração de nióbio, o apoio americano à candidatura brasileira na OCDE e a consideração do Brasil como parceiro militar privilegiado extra-OTAN. O governo Biden confirmou a candidatura brasileira na OTAN e no passado tropas dos dois países fizeram exercícios conjuntos. A pauta do nióbio foi esquecida.

A tensão do encontro está na possibilidade de Biden ressaltar a confiança da Casa Branca no sistema eleitoral brasileiro. O tema fez parte de todos os encontros de autoridades americanas com brasileiros nos últimos meses, incluindo a sabatina da futura embaixadora em Brasília, Elisabeth Bagley. Biden também deve agradecer ao apoio que o Brasil deu aos EUA nas votações no Conselho de Segurança da ONU na questão da Ucrânia. Depois da invasão russa, os EUA abriram negociações para comprar petróleo do Brasil, mas diante da alta dos preços no Brasil é improvável que a negociação prospere.

Se a agenda Bolsonaro-Biden for neutra, sem nenhum dos lados falando mal do outro, já será um sucesso. Biden não terá o constrangimento de ter sua Cúpula um fracasso total e Bolsonaro poderá exibir a foto como prova de que ele ainda é recebido por líderes mundiais _ uma de suas vergonhas depois do sucesso de Lula da Silva na Europa. Se isso acontecer, parte se deve ao chanceler Carlos França, que convenceu os americanos de que Bolsonaro seguiria dando declarações de simpatia a Putin, mas que os votos do Brasil na ONU seriam pró-americanos. Ele cumpriu o acordo.

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