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Thomas Traumann Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O fura-fila de colarinho branco

Como uma iniciativa para ajudar o governo sujou a imagem de grandes corporações

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 jan 2021, 18h25 - Publicado em 28 jan 2021, 16h54
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  • O diabo mora nos detalhes. Chocados com a negligência do governo Bolsonaro em arranjar vacinas e certos de que o a economia só engrena com o controle da Covid-19, alguns dos executivos mais bem pagos do Brasil se reuniu para discutir como poderiam ajudar. Um deles tinha o contato com o fundo BlackRock, que financiou as pesquisas do laboratório AstraZeneca. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Veloso, o fundo teria a vacina “a pronta entrega”. Em português claro, um atravessador. Em nota oficial, o fundo BlackRock negou que negocie vacinas.

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    A ideia das empresas, lideradas pelo diretor da Gerdau, Fabio Spina, seria vacinar os seus funcionários e assegurar que elas seguiriam operando mesmo se houver novos lockdowns. Para não parecer que estavam furando a fila da vacinação, para cada vacina para seus funcionários, eles doariam outra para o Ministério da Saúde. Ágeis, os executivos acionaram seus contatos na Secom, no Ministério da Economia e junto deputado Eduardo Bolsonaro para obter o aval do governo para a importação.

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    Daí faltou alguém para dizer “vai dar merda”.

    Hoje há uma falta de vacinas no mundo todo. A AstraZeneca vai atrasar suas entregas na Europa e deve ser multada pelo governo francês. Trump deixou de herança os EUA sem plano de vacinação e pode faltar vacinas em Nova York no mês que vem. Biden ameaça colocar a mão pesada do Estado para convencer Pfizer e Moderna a privilegiar as encomendas para os EUA.

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    As coisas ficam piores num país cujo presidente é um antivax orgulhoso. O governo Bolsonaro descartou encomendar 70 milhões de doses da Pfizer, não negociou com a Johnson&Johnson, atrapalhou os testes da Spunik russa no Paraná e criou uma guerra contra a Coronavac por interesses eleitoreiros. Até agora, o governo se recusa a confirmar a encomenda das vacinas Coronavac do Instituto Butantan.

    Os executivos só entenderam este contexto quando a notícia chegou à imprensa e a reação foi de ultraje. Rapidamente, companhias como Santander, Ambev, JBS, Petrobras e a Vale negaram que pretendessem criar um sistema de fura-filas e que de fato saíram do grupo de empresas quando prevaleceu a ideia de montar estoques de vacinas, mas o estrago estava feito. A imagem que fica é que a elite das empresas brasileiras é formada por um grupo de privilegiados que desvirtua a solidariedade geracional do sistema público de saúde, contraria as indicações científicas de preferência por grupos de risco e escancara o quem pode mais, chora menos.

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