Assine VEJA por R$2,00/semana
Thomas Traumann Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
Continua após publicidade

O efeito “Bolsocaro”

Campanha ligando o presidente à alta de preços acerta no alvo

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 mar 2021, 17h39 - Publicado em 8 mar 2021, 11h32
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Pesquisa da agência mineira Quaest sobre popularidade nas redes sociais captou a ponta do que pode ser um iceberg na condução do governo Bolsonaro nos próximos meses. De acordo com a pesquisa – que acompanha a evolução do número de seguidores, engajamento e adesão nas redes sociais -, o presidente Jair Bolsonaro perdeu um quarto do apoio que mantinha até o final do ano passado. É sintomático que o adversário que mais cresceu no período foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O que fez Lula voltar? Objetivamente: ele cresceu em número de seguidores, cresceu em engajamento e cresceram as procuras por ele no Google. O que causou isso? Temas de comparação entre os preços de combustíveis e alimentos na era Lula com Bolsonaro”, disse à Folha o dono da Quaest, Felipe Nunes. Como no repetido aforisma do marqueteiro James Carville, “é a economia, estúpido!”.

    Publicidade

    Há motivos para crer que o estudo da Quaest esteja desvendando um fenômeno real. Por mais que a desastrosa gestão federal no combate à Covid cause horror e que as declarações de Bolsonaro provoquem ultraje, a popularidade presidencial varia pelo bolso. É como se todo o desgaste causado pela Covid-19 já tivesse sido pago por Bolsonaro, que mantém um piso de um terço de aprovação popular. Só a economia pode fazer com que ele caia desse patamar.

    Publicidade

    Essa causalidade entre a popularidade de Bolsonaro e a economia já está estabelecida no caso dos beneficiários do auxílio emergencial, cuja aprovação ao governo caiu de 52% para 38% desde o fim do programa, de acordo com pesquisa PoderData. É possível supor que parte dessa aprovação voltará com o retorno do auxílio emergencial.

    A inflação, no entanto, é uma frente mais abrangente. A alta dos alimentos, da energia elétrica e dos combustíveis apontam para uma inflação oficial acumulada de 7% entre julho 2020 e julho 2021 (isso sem contar com algum descontrole no câmbio). É maior inflação em doze meses o governo Dilma.

    Publicidade

    Esta alta nos preços vai coincidir com a retração na economia tanto no primeiro quanto no segundo trimestre, de acordo com as projeções dos bancos. Recessão com inflação é uma contradição em termos. Aconteceu em parte dos governos Figueiredo, Collor e Dilma. Nenhum dos três terminou bem.

    Continua após a publicidade

    Nesta semana circularam nas redes de WhatsApp os primeiros vídeos de oposição a Bolsonaro em dois anos. Chamando o presidente de “Bolsocaro”, os vídeos são eficientes em colar a alta de preços na cota de responsabilidade do governo federal. É a mesma tática que machucou FHC em 1999 e Dilma em 2015.  É lógico que no ritmo de dois vídeos em dois anos, as oposições vão demorar até 2030 para voltar ao poder, mas o fato é que a peça acertou no alvo.  

    Publicidade

    Bolsonaro sabe o risco que corre. Por isso, ele fez parecer que a troca do presidente da Petrobras na semana passada iria reduzir o preço do diesel, tirou impostos sobre combustíveis e aumentou a taxação dos bancos e fez transmissões no Facebook dizendo que ele (e não o Congresso) está restaurando o auxílio emergencial.

    Mas negar a letalidade de um vírus é mais fácil do dizer que o preço do arroz não subiu. A última pesquisa Ipespe/XP, de fevereiro, mostrou que 57% dos brasileiros consideram que o rumo da economia está errado. Eram 50% em dezembro. Há uma mudança no humor popular no ar e o dedo da sociedade vai apontar para o presidente. 

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.