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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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A luta do bem contra o mal

A campanha de 2022 não será entre Bolsonaro e Lula. Será entre o antibolsonarismo e o antipetismo

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 mar 2022, 18h27 - Publicado em 28 mar 2022, 16h07

O discurso do presidente Jair Bolsonaro no lançamento da sua pré-campanha no domingo (27/03), em Brasília, marcou o tom do que deve ser a campanha dos próximos sete meses: “Não é uma luta da esquerda contra a direita. É uma luta do bem contra o mal”, disse Bolsonaro. É uma declaração que os apoiadores de Lula da Silva concordam em 100%, com a óbvia diferença de quem é identificado como o represente do “bem” e do “mal”. A campanha de 2022 não será entre Bolsonaro e Lula, será entre o antibolsonarismo e o antipetismo.

Lula da Silva lidera hoje as pesquisas porque a maior parte dos eleitores rejeitam mais Bolsonaro do que o PT. No Datafolha, com respostas múltiplas, 55% dos entrevistados disseram que se recusam a votar em Bolsonaro, enquanto 35% não votam em Lula (resultado muito similar ao do segundo turno do mesmo Datafolha, Lula com 55% e Bolsonaro com 34%). Nas pesquisas divulgadas na semana passada pelas empresas FSB, Ipespe, Ideia e Datafolha o candidato Lula tem entre 40% e 43% no primeiro turno com Bolsonaro variando entre 26% e 29%.

A possibilidade de um terceiro com chances diminui a cada semana. Hoje, somados os sete anões da campanha – Sergio Moro, Ciro Gomes, João Doria, Simone Tebet, Eduardo Leite, André Janones e Felipe D’Ávilla – tem entre 21% e 23% das intenções de voto. A possibilidade deste quadro mudar é baixa. Perguntados se podem mudar de opinião até as eleições, 67% dos entrevistados pelo Datafolha afirmaram que “estão totalmente decididos” em quem votar.

Com Lula acima dos 40%, Bolsonaro acima dos 25% e o terceiro colocado abaixo de 10%, a eleição de 2022 será um longo segundo turno. Já de saída, Lula está no segundo turno e muitos eleitores que se desgarraram de Bolsonaro estão voltando a apoiar o presidente porque não surgiu um outro nome capaz de enfrentar o PT. O fracasso de Moro, Doria, Leite e Tebet em se firmar como alternativa a Bolsonaro, empurra o primeiro turno para um estresse que os brasileiros estão acostumados apenas no segundo.

O discurso do medo é uma máxima bolsonarista. No discurso no PL, Bolsonaro disse que “me embrulha o estômago ter que jogar nas quatro linhas da Constituição, mas eu jurei e não foi da boca para fora”, acrescentou, reforçando a cantilena de que seus adversários e a Justiça conspiram contra ele. “O nosso inimigo não é externo, é interno”, disse Bolsonaro. Em 2018, Bolsonaro já havia usado com sucesso o discurso do medo (“O Brasil vai virar uma Venezuela”), mas dessa vez está fazendo não apenas por instinto. Pesquisas encomendas pelo marqueteiro Duda Lima, contratado pelo presidente do PL Valdemar da Costa Neto, mostram que não há outra opção. As eventuais realizações do governo se perdem com o mau humor na economia. A redução nas mortes por Covid até reduziu o desgaste do presidente, mas a volta da inflação é imperdoável.

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No domingo, o Datafolha mostrou o tamanho desse pessimismo:

74% acham que a inflação vai aumentar

50% acham que o desemprego vai aumentar

As pesquisas de Bolsonaro mostraram que é um erro insistir em se comparar com o governo Lula, de boa memória para a maioria dos brasileiros. A pesquisa Ipespe traduziu esse sentimento ao perguntar aos eleitores a comparação sobre os dois governos:

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58% têm uma avaliação positiva de Lula quando foi presidente. 25% negativa

26% têm uma avaliação positiva de Bolsonaro quando presidente. 54% negativa.

A tática de Bolsonaro será a de desconstruir o governo Lula atacando os governos Dilma Rousseff. A ex-presidente é um ônus para o PT a tal ponto que na semana passada, Lula disse que ela não participará de um novo governo, assim com o ex-ministro José Dirceu. “E essas pessoas que têm experiência podem me ajudar dando palpite, pode me ajudar conversando, pode me ajudar… Sabe, às vezes, às vezes, as pessoas podem me ajudar não fazendo nada”.

Há uma ironia. Desde 2006, as campanhas eleitorais do PT eram marcadas pelos “nós contra eles”, no qual os adversários eram acusados de serem adversários de políticas públicas como o Bolsa Família e o Pro-Uni. O agora aliado Geraldo Alckmin, José Serra e Marina Silva foram apresentados nas campanhas como anti-pobres. Agora, o PT vai enfrentar a mesma tática.

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O medo da volta do PT é a única estratégia de Bolsonaro. O medo de um segundo governo Bolsonaro é a principal estratégia da campanha Lula.

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