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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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‘The Boys 3’: final escancara patriotismo fascista e ‘daddy issues’

Série do Amazon Prime Video terminou mostrando que a escalada da violência ideológica permeará próxima temporada

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 jul 2022, 10h00

ATENÇÃO: este texto contém SPOILERS do final da terceira temporada da série The Boys, do Amazon Prime Video.

Fenômeno que integra o catálago do Amazon Prime Video, The Boys chegou ao final da terceira temporada nesta quinta, 7, mostrando que os super-heróis mais controversos do universo das histórias em quadrinhos podem transcender o nível de babaquice. Diferentemente de Marvel e DC, que ostentam legiões de heróis focados em salvar a humanidade, a série conquista fãs desde 2019 com uma trama que inverte os papéis: os poderosos são, na verdade, vilões detestáveis que buscam fama e dinheiro, enquanto fingem proteger a sociedade.

As duas primeiras temporadas mostraram a saga de Billy Butcher (Karl Urban) em se vingar de Homelander (Antony Starr), por ter estuprado e sumido com Becca (Shantel VanSanten), esposa do protagonista. Como é um homem apenas muito obstinado e grandão, o mocinho recruta outros homens sem poderes e forma o grupo Os Meninos com a missão de matar quantos super-heróis for possível, já que eles são o câncer do universo que permeia a série. A trama sempre tocou em assuntos espinhosos, como violência sexual contra a mulher, o machismo intrínseco, racismo estrutural – e até o neonazismo.

O terceiro ano de The Boys tirou um pouco o holofote da briga de gato e rato entre vilão e mocinho para dar lugar a uma narrativa mais focada na masculinidade frágil dos protagonistas, tanto do bem como do mal, já que todos precisaram encarar suas maiores fraquezas emocionais, como os traumas do passado que influenciam o desequilíbrio emocional dos adultos da produção. Além disso, a série também mostra como o fascismo se forma em uma sociedade polarizada através da guerra ideológica entre Homelander e Starlight (Erin Moriarty). Com esses dois pilares, o desfecho da terceira temporada deu um show de patriotismo fascista e daddy issues (problemas paternais, em tradução literal).

A aguardada batalha entre Soldier Boy (Jensen Ackles) e Homelander, pai e filho, respectivamente, pareceu muito com um episódio do Casos de Família (SBT), já que o arqui-inimigo de Butcher queria mesmo era criar um laço afetivo como o pai biológico. Como nenhum saiu vencedor da briga, a sequência acabou ofuscada pelas cenas que escancaram e ironizam a escalada do fascismo nos Estados Unidos. Quando o vilão mata com um olhar de raios lasers um civil opositor a sua postura na frente de centenas de pessoas, entre apoiadores e haters, o silêncio do choque dura poucos segundos, só até Todd (Matthew Gorman), um homem branco de 40 anos, se sentir representado com tamanha violência e ignorância.

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Na personificação de um típico americano pró-armas, Todd acha sensacional a atitude do super-herói malvado, incentivando o exército de fanáticos a vibrarem pelo Capitão Pátria, que ama a aceitação de sua psicopatia. Propositalmente, um dos “patriotas” está com o rosto maquiado com as cores da bandeira americana e um chapéu de chifres felpudo — exatamente a mesma aparência de um dos eleitores de Donald Trump que invadiu violentamente o Capitólio dos Estados Unidos durante a eleição disputada entre o republicano e o democrata Joe Biden em 2020 (vencida pelo democrata).

Renovada para um quarta temporada, ainda sem previsão de estreia, The Boys deixou o gostinho do que vem aí: guerras ideológicas bem sangrentas, um super-vilão infantil e uma grande batalha contra uma política “super” diabólica. Agora, resta saber se o quarto ano da série conseguirá manter o mesmo nível de qualidade de enredo ou se vai virar apenas uma produção prolongada desnecessariamente.

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