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Por Kelly Miyashiro
Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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‘Pachinko’ ilumina o incrível mundo das novelas orientais

Folhetins conhecidos como “doramas” ganham rápido alcance no planeta

Por Isabela Boscov, Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 mar 2022, 16h09 - Publicado em 25 mar 2022, 06h00

O Brasil, com razão, tem orgulho de suas novelas — uma tradição narrativa tão específica dos temas, ritmos e linguajares do país, e ao mesmo tempo tão apta a cruzar fronteiras e virar hábito e influência cultural além delas. Substitua-se agora “Brasil” por “Coreia do Sul”, e multipliquem-se o alcance e o impacto associados à palavra “novela”: eis o “dorama”, a vertente de produção que mais rapidamente ganha território em todo o mundo. Não só a quantidade e diversidade de doramas, porém, aumentam dia após dia nas plataformas de streaming (conheça alguns sucessos do gênero na pág. 82). Também o prestígio deles entre o público e a crítica vem crescendo de modo vertiginoso — um quesito em que Pachinko (Coreia do Sul/Estados Unidos/Canadá, 2022) já estreia com destaque absoluto. Tão ambiciosa quanto envolvente e tocante — além de magistralmente fotografada —, a série adaptada do best-seller de Min Jin Lee abarca a vida de três gerações da mesma família, começando na Coreia do início da ocupação japonesa (1910-1945) e avançando até o Japão rico e volátil de 1989.

LONGO TRAJETO - Yuh-jung Youn como a Sunja idosa: acaso e escolha -
LONGO TRAJETO - Yuh-jung Youn como a Sunja idosa: acaso e escolha – (Apple TV+/Divulgação)

Pachinko

Protagonizada por um elenco excelente e carismático, e criada e dirigida pelo americanos-coreanos Justin Chong e Kogonada, Pachinko é tanto “dorama” — uma generalização para todo folhetim de origem asiática — quanto “k-drama”, termo que designa a hoje dominante produção da Coreia do Sul. Com uma primeira temporada de oito episódios (há material no livro de Lee para pelo menos uma segunda leva), a série produzida e disponibilizada pela Apple TV+ reúne características de várias linhagens típicas do gênero. É um melodrama de alta estirpe mas é, sim, um melodrama. É em boa parte uma produção — belíssima — de época. Trata de dilemas sociais profundos, como muitos doramas de ambientação contemporânea. E, como tantos outros, entretece os dramas dos personagens em eventos históricos.

Heirs (2013)Park Shin-Hye and Lee Min-Ho in Sangsogjadeul (2013)PeoplePark Shin-Hye, Lee Min-HoTitlesHeirs, The Continuity of Sweet Love
HERDEIROS – Jovens coreanos ricaços têm suas relações afetadas pela grana farta.
A telenovela está na Netflix e no oriental Kocowa – (./Divulgação)

A vegetariana

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Pachinko, aliás, vai mais além: seu tema central é a pressão que a história com “H” maiúsculo exerce sobre a trajetória de Sunja, menina nascida de pais miseráveis na Coreia humilhada e catastroficamente empobrecida pelo domínio japonês, e a maneira como as escolhas de Sunja frente aos grandes acontecimentos — a expansão imperial japonesa, a II Guerra, as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, a Guerra da Coreia e a divisão do país — determina muito do percurso também de seus descendentes.

Guardian: The Lonely and Great God (2016)PeopleGong Yoo, Lee Dong-Wook, Kim Go-eunTitlesGuardian: The Lonely and Great God, I Have to End My Life© tvN
GOBLIN – Um guerreiro coreano do século X se torna um ser imortal que, no futuro, se cansa da vida eterna. Disponível no site Viki – (./Divulgação)

Ao contrário do livro de Lee, que faz esse trajeto pela ordem cronológica, a série se reveza constantemente entre suas várias linhas temporais, justapondo a Sunja da infância (a irresistível Yu-na Jeon) à da juventude (Minha Kim) e à da velhice (Yuh-jung Youn, a ganhadora do Oscar de coadjuvante por Minari), e sobrepondo também causas e consequências — o amor proibido com o gângster colaborador dos japoneses Hansu Koh (Min-­ho Lee), que obriga Sunja a deixar seu vilarejo de pescadores rumo ao Japão; o despertar político que a mudança de país provoca no marido que a socorreu da vergonha (Steve Sang-Hyun Noh); e o futuro que essa conjunção de fatores forja para seu filho, Mozasu (Soji Arai), e para seu neto, Solomon (Jin Ha), um jovem e agressivo investidor que transita entre as culturas americana, japonesa e coreana sentindo-se um estranho em todas elas.

SWITCHED - A minissérie japonesa na Netflix une o clichê cômico da troca de corpos ao horror para narrar conflito adolescente -
SWITCHED – A minissérie japonesa na Netflix une o clichê cômico da troca de corpos ao horror para narrar conflito adolescente – (./Divulgação)

Atos humanos

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O próprio nome da série, aliás, anuncia essa conjunção entre acaso e escolha a partir da qual Sunja e os outros personagens, sobretudo o trágico Hansu, vão abrindo seu caminho. Os salões de pachinko — uma combinação de pinball e caça-níqueis muito popular no Japão — como aquele com que Mozasu sustenta a família são notórios por adulterar as máquinas para diminuir as chances dos jogadores, que dependem ainda em maior grau, portanto, da sorte e da habilidade para ganhar suas apostas. (O salão de Mozasu é, também, o cenário da gloriosa sequência de créditos da série.)

POUSANDO NO AMOR - Jovem da Coreia do Sul cai de parapente no vizinho do Norte, e se apaixona por militar inimigo em romance da Netflix -
POUSANDO NO AMOR – Jovem da Coreia do Sul cai de parapente no vizinho do Norte, e se apaixona por militar inimigo em romance da Netflix – (Lim Hyo Seon/Netflix)

Os doramas são um fenômeno mundial: só no ano passado, a Netflix investiu 500 milhões de dólares na produção da Coreia do Sul, e plataformas exclusivas se popularizaram pelo mundo. Canais de vídeo sob demanda (VOD) como o Crunchyroll, forte em animes, o tailandês Line TV e o Kocowa, voltado para dramas e reality shows sul-coreanos, atraem legiões de “dorameiros”. O serviço de streaming Rakuten Viki, por exemplo, abriga variadas telenovelas asiáticas e possui mais de 27 milhões de usuários, e o Brasil já está entre os cinco países que mais acessam o site. Em que pesem as diferenças de idioma, culinária, modos e cultura, brasileiros e asiáticos têm uma paixão em comum: somos todos noveleiros.

Publicado em VEJA de 30 de março de 2022, edição nº 2782

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