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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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O calvário sem fim de Marjorie Estiano em ‘Sob Pressão’

Intérprete de Carolina na série médica da Globo, atriz fala sobre o desafio de viver uma personagem que já sofreu de tudo – e agora enfrenta o câncer

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 jul 2022, 13h56 - Publicado em 1 jul 2022, 11h00

“Vocês acham que eu não tô preocupada? Um dia eu tava bem, não tinha sintoma nenhum. Tinha o meu filho, o meu trabalho. E no dia seguinte, eu sou tratada como uma doente. Não tem espaço para um câncer na minha vida, Vera (Drica Moraes)”, reclama Carolina (Marjorie Estiano), na quinta temporada de Sob Pressão, já disponível no Globoplay. “Essa doença não pede licença, Carolina. Você precisa se tratar. Você é forte”, responde a nova diretora do hospital público onde a trama se passa. O primeiro desabafo da protagonista sobre ter sido diagnosticada com câncer de mama transmite por alguns segundos os sentimentos diversos de uma mulher com medo da morte: raiva, revolta, tristeza, ansiedade e temor.

Acostumada a tratar todos os tipos de pacientes, a médica reluta em trocar de posição e testa, mais uma vez, sua resiliência na história escrita por Lucas Paraizo. Carolina já sofreu abuso sexual, foi abandonada, engravidou inesperadamente de Evandro (Julio Andrade) e ainda luta com a depressão – que a leva à automutilação. Quando finalmente se acostumou com a ideia de ser mãe, teve um aborto no meio de um tiroteio no hospital. A doença que acomete em grande maioria mulheres é só a cereja no bolo do calvário sem fim da cirurgiã. “O câncer de mama é um agente de transformação importante na vida da Carolina. Acho que qualquer pessoa que passa por uma doença dessa repensa a sua vida”, explica Paraizo a VEJA.

Também em conversa com VEJA, Marjorie Estiano projeta suas expectativas para o futuro da personagem, do relacionamento conturbado com Evandro e da série. Confira:

Você acha que a luta da personagem contra o câncer pode levar algum tipo de mensagem para o público, fazê-lo refletir mais sobre a doença? Sempre existe a expectativa de que a obra sirva ao espectador. Eu fiquei muito empolgada com o tema. No mundo, é o câncer de maior incidência entre as mulheres. É uma doença que tem tratamento e tem cura, principalmente quando diagnosticada precocemente. O SUS oferece essa possibilidade de amparo, investigação e acompanhamento, no entanto é insuficiente para a demanda no Brasil. Muitas mulheres não têm acesso a um mamógrafo, por exemplo, e, quando conseguem o diagnóstico, a doença já está em estágio muito avançado. Esse cenário se agravou com a pandemia, quando um número ainda maior de mulheres deixou de fazer seus exames periódicos. Levantar o tema suscita discussões, informa e acolhe várias questões que emergem.

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Como você enxerga o amadurecimento da Carolina ao longo das cinco temporadas? O que você sente que mais mudou nela do primeiro episódio até este quinto ano? As experiências foram modificando o comportamento da Carolina com o passar dos anos. Vejo a Carolina chegando ao hospital pela primeira vez, defendida, desprendida, mas com sua essência muito clara. Fomos conhecendo aos poucos a bagagem que ela carregava e, ao mesmo tempo, como as circunstâncias foram apresentando oportunidades para ela encarar e compreender a origem de alguns bloqueios e gatilhos. Ela, hoje, é muito sólida e com os contornos bem definidos.

Você acredita que a relação com o Evandro finalmente chegou a um ponto estável? Pessoalmente, acho que nunca confiei muito na longevidade dessa relação, não só pelo fato de serem personalidades muito diferentes, mas eu via uma relação um tanto desequilibrada. Carolina sempre cedendo, contornando, e isso é cansativo e desgastante em um relacionamento a longo prazo. Talvez seja um lugar que ela goste de ocupar na dinâmica dos dois, e às vezes também não se explica mesmo. Nem tudo se explica. Evandro tem inúmeras qualidades, mas as relações não são só sobre isso.

Então, mais problemas vão atrapalhar a paz do casamento de Carolina e Evandro? Os problemas fazem parte da vida, não necessariamente são motivo de separação. Ao contrário, às vezes podem ser oportunidades para a relação ficar ainda mais fortalecida. O que eu sei é que, para além de um relacionamento, temos um caminho individual a percorrer, e que o futuro é sempre uma incógnita, o que não nos impede de fazer planos para ele. Eu confio mesmo é nos roteiristas.

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Como você enxerga este novo calvário da Carolina? Ela já não sofreu o suficiente, depois de idas e vindas com Evandro, ter tido um abordo em meio a um tiroteio etc.? A Carolina é uma personagem que está imersa na realidade da maior parte dos brasileiros e na posição de cuidar do outro. Ela é médica, e uma das características mais belas dela é justamente se servir das experiências da vida íntima e de todos os atravessamentos alheios a sua vontade, de maneira muito ampla e profunda, oferecendo um cuidado ainda maior na relação médico/paciente. Tudo o que aconteceu com ela não é extraordinário, pelo contrário. Acho muito bonita essa perspectiva em que mesmo com altos e baixos e a relação não idealizada com a coragem, pois ela tem recaídas com a automutilação, a negação da própria doença entre outras atitudes, seja ainda capaz de se utilizar desse repertório para cuidar das pessoas com mais sensibilidade, muitas delas com vivências semelhantes às que Carolina teve.

Para você, qual é o futuro de Sob PressãoAssunto na saúde nunca vai faltar, mesmo que a nossa realidade mudasse pra muito melhor. Acho que não seria uma questão de histórias, mas de um conjunto de variáveis. Enquanto atriz, independentemente do fato de fazer outros personagens também, o que julgo ser fundamental para mim, pra minha criatividade, e que tenho conseguido ao longo das cinco temporadas, mas também reflito sobre quanto nossa dinâmica, minha com a personagem, ainda poderia ser rica. O que de novo conseguiríamos oferecer uma à outra. Sem dúvida que participaria de outras produções nesse universo, como falamos, a saúde tem inúmeras camadas e perspectivas muito distintas. E os temas de utilidade pública são especialmente interessantes pra mim.

Quais são seus novos projetos? Estou bem curiosa para assistir a Enterre Seus Mortos, um filme original do Globoplay que fiz com Marco Dutra, diretor com quem já havia trabalhado no filme As Boas Maneiras e pessoa que eu admiro demais em diversos aspectos. É uma adaptação do livro da Ana Paula Maia e se passa em uma distopia onde as pessoas inventam formas de sobreviver no desamparo absoluto, assombradas pela iminência da morte.

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