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A ‘pulsão dionisíaca’ – e polêmica – que movia o diretor Zé Celso

Dramaturgo estava internado com 53% do corpo queimado após incêndio em seu apartamento em São Paulo

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 jul 2023, 13h24 - Publicado em 6 jul 2023, 09h33

Morreu nesta quinta-feira, 6, o diretor Zé Celso, fundador do Teatro Oficina, aos 86 anos, em São Paulo. Um incêndio — supostamente causado por um curto-circuito no ar-condicionado ou no aquecedor — em seu apartamento, localizado no Paraíso, na Zona Sul da capital paulista, deixou o ator com 53% do corpo queimado e em estado delicado na terça-feira 4. Ele estava internado no Hospital das Clínicas, na Zona Oeste da cidade. O incidente ainda será investigado. Celso deixa o marido, Marcelo Drummond, de 60 anos — estavam juntos desde 1987, mas oficializaram a união somente no início do mês passado — e o cãozinho de estimação, Nagô.

José Celso Martinez Corrêa nasceu em Araraquara, interior de São Paulo, em 30 de março de 1937. Um dos maiores dramaturgos do Brasil, tornou-se também um dos principais nomes da cultura brasileira ao fundar o Teatro Oficina, com Amir Haddad, Renato Borghi, Etty Fraser, Fauzi Arap e Ronaldo Daniel, na capital paulista. A companhia, localizada na Rua Jaceguai, 520, na Bela Vista, está em atividade desde 1958 e é responsável por inventar uma linguagem teatral embebida em “pulsão dionísiaca” — termo cunhado por Zé Celso –, além de ter sido uma das maiores organizações a afrontar a ditadura militar no país. Em 1974, Zé Celso foi detido e exilado pela ditadura, sendo obrigado a morar em Portugal. Retornou ao Brasil cinco anos depois. O Oficina também se destaca por suas peças repletas de atores nus, contestando normas e padrões.

Na juventude, Zé Celso, que se interessava pela arte desde criança, prestou vestibular para direito devido à pressão dos pais, que eram de classe média. Morando em São Paulo, entretanto, conseguiu seguir seus instintos e logo começou a estudar atuação, ao fundar o Oficina em meio a reuniões do Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Ao longo de quase sete décadas de carreira, o artista se tornou referência de colegas e amigos, como Fernanda Montenegro, Fernanda Torres, Julia Lemmertz, Alexandre Borges, Bárbara Paz, entre outros.

Zé Celso encenou duas peças de sua autoria: Vento Forte para Papagaio Subir (1958) e A Incubadeira (1959). Em 1963, montou Os Pequenos Burgueses, de Máximo Górki, grande sucesso de crítica. Em 1967, após um incêndio no Teatro Oficina e sua reformulação como palco italiano, o dramaturgo realizou a montagem de O Rei da Vela, de Oswald de Andrade, um marco histórico de grande influência para a década de 1960, que consagrou o diretor como um dos pais do tropicalismo. No ano seguinte, dirigiu Roda-viva, de Chico Buarque, no Rio, sua primeira experiência fora do Oficina.

Entre 2018 e 2020, Zé Celso e o Teatro Oficina viveram um duro impasse com Silvio Santos, que tentava construir prédios ao redor do teatro, no bairro do Bixiga. Em entrevista a VEJA em 2017, o diretor chamava o dono do SBT de “mesquinho”.

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