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Por Kelly Miyashiro
Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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‘Daisy Jones & the Six’: série reinventa velha intriga amorosa do rock

Unindo música e romance, atração estreia nesta sexta, 3, no Amazon Prime Video

Por Gabriela Caputo Atualizado em 9 mar 2023, 18h41 - Publicado em 3 mar 2023, 06h00

Ao ganhar o papel de uma estrela do rock dos anos 70 numa nova superprodução da Amazon, o ator e galã britânico Sam Claflin fez a lição de casa: aprendeu a cantar e tocar guitarra, buscou mimetizar o estilo de Bruce Springsteen no palco e se debruçou sobre a história da música. Percebeu que seu conhecimento na matéria era pífio: ele ignorava que Come Together era um clássico dos Beatles, e não mero hit de Michael Jackson, que fez uma cover farofa da canção. Aos 36 anos, Claflin está distante da atual geração de jovens, batizada de Z — mas sua reação resume os ares de espanto e empolgação com que os garotos de hoje estão descobrindo o rock do passado. Quase sempre, aliás, com a ajuda de produções como a própria minissérie da qual o ator é protagonista: Daisy Jones & the Six, que estreia nesta sexta, 3, no Amazon Prime Video. “A história é uma ótima introdução para a música daquela época. Foi uma era muito romântica, bonita e vibrante”, disse Claflin a VEJA.

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Baseada no romance da autora americana Taylor Jenkins Reid, a trama de Daisy Jones & the Six acompanha o sucesso de uma banda no fim da década de 70 — e sua brusca implosão. A trupe é liderada por uma dupla de vocalistas, Billy Dunne (Claflin) e a Daisy Jones (Riley Keough), do título, que se revelam não apenas parceiros: extrapolando a cumplicidade musical, eles acabam se envolvendo e formam um explosivo triângulo amoroso cuja terceira ponta é Camila (Camila Morrone), esposa de Billy e integrante honorária do grupo.

POMBINHOS - Daisy (Riley Keough) e Billy (Sam Claflin): parceria complicada
POMBINHOS - Daisy (Riley Keough) e Billy (Sam Claflin): parceria complicada (Lacey Terrell/Prime Video/.)

Está tudo ali: a vida na estrada e a agitação nos palcos, o sexo, as drogas, a música. Com sua fotografia de filtro amarelado, a produção instiga a nostalgia pela Califórnia setentista e dá mote à exploração fashion do período — e tome calças boca de sino e vestidos esvoaçantes. A eficácia desse pacote já fora comprovada no livro que se tornou fenômeno mundial de vendas impulsionado pelo TikTok. Ao transpor a obra para a tela, a autora não nega que a transgressão do rock sirva como pano de fundo para um argumento mais prosaico: a paixão proibida de Daisy e Billy seduz um público juvenil (sobretudo feminino) que nutre certa visão romantizada sobre a era de ouro do rock. E a heroína que brilha num mundo de marmanjos cabeludos é um evidente aceno à cultura do empoderamento feminino atual. “É muito divertido entrar na dinâmica da banda e mostrar a complexidade dos relacionamentos, além da presença da mulher no rock”, disse Taylor a VEJA.

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A produção da Amazon bebe de uma fórmula que vem de longa tradição. Assim como os jurássicos The Monkees, sátira dos Beatles que virou uma banda pueril nos anos 60, ou o fictício grupo de heavy metal Spinal Tap, dos anos 1980, Daisy Jones & the Six pretende estender sua atuação musical das telas para as paradas de verdade. Não exatamente com uma banda de laboratório (ufa), mas por meio de um disco que seria a versão real de Aurora, álbum fictício em que o grupo extravasa suas DRs amorosas na trama. Canções compostas para a série viralizaram antes mesmo da estreia — e emulam uma fonte célebre: o clássico Rumours, do Fleetwood Mac.

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DOR DE COTOVELO - Fleetwood Mac: DRs da banda inspiraram a série
DOR DE COTOVELO - Fleetwood Mac: DRs da banda inspiraram a série (GAB Archive/Redferns/Getty Images)

Lançado em 1977, o trabalho da banda americana é o maior exemplo da expiação da dor de cotovelo por meio das letras de rock. O disco vendeu mais de 40 milhões de cópias e abriga hits até hoje inescapáveis como Dreams e The Chain. A obra nasceu no momento em que o casal de vocalistas, formado por Stevie Nicks e Lindsey Buckingham, estava recém-separado — enquanto a tecladista Chris­ti­ne McVie se divorciava do marido, o baixista John McVie. Para apimentar ainda mais essa novela real, o baterista Mick Fleetwood vivia dificuldades em seu casamento e acabou tendo um caso com Stevie. Rumours é, portanto, um desabafo coletivo feito de muito chororô e indiretas nada sutis, tudo isso embalado em rock de primeira. Esse drama, aliás, é quase uma constante de bandas que misturam casais, como ocorreu com o grupo sueco Abba na mesma época.

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Por mais que ofereça uma visão idealizada dos anos 70, não deixa de ser uma qualidade de Daisy Jones & the Six apresentar esses babados de outras eras geológicas da música para a nova geração. Se até a estrela masculina da série, Sam Claflin, confessa estar aprendendo sobre o tema dessa forma, a intérprete da mocinha roqueira não pode dar a desculpa de não ter tido aulas práticas em casa. Riley Keough é filha de Lisa Marie e neta de ninguém menos que Elvis Presley (leia entrevista abaixo). Dentro e fora da tela, a série ajuda, assim, a reciclar mais um capítulo do rock — somando-se a exemplos como Stranger Things, da Netflix, que recentemente tirou a inglesa Kate Bush do limbo. Durma-se com o barulho do que pode vir a seguir.

“Esse mundo era familiar para mim”
A atriz Riley Keough, heroína da série Daisy Jones & the Six, falou a VEJA.

PEDIGREE - Riley na série: mergulho nos anos 1970
PEDIGREE - Riley na série: mergulho nos anos 1970 (Lacey Terrell/Prime Video/.)

Quais foram suas inspirações para viver a roqueira Daisy Jones? Não a moldei à imagem de uma única pessoa. Assisti a apresentações e entrevistas dos anos 1970, para captar os movimentos no palco e também a prosódia do período, para não parecer moderna. Ouvi muita Cher, Joni Mitchell, Linda Ronstadt e Janis Joplin.

Na série, Daisy é subestimada e considerada mais musa que artista. Como analisa a questão? Foi a principal coisa que falou comigo na personagem. Experienciei isso com frequência enquanto jovem mulher: a constante sensação de não ser levada a sério. Com certeza, foi mais extremo nos anos 1970, mas ainda é um problema.

Você vem de uma família de músicos — é neta de Elvis Presley. Suas raízes a ajudaram na série? Certamente, esse mundo já era familiar para mim. Estive em turnê várias vezes, dormi em ônibus, acompanhei pessoas em estúdio. Testemunhei tudo isso, mas nunca tinha experimentado por mim mesma. Foi um aprendizado.

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Publicado em VEJA de 8 de março de 2023, edição nº 2831

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