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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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Autor de ‘Império da Dor’: “A epidemia de opioide mata 100 mil por ano”

Barry Meier cobriu a crise sanitária que vitimou milhões de pessoas nas décadas de 80 e 90 nos Estados Unidos

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 ago 2023, 11h00

Série que acabou de chegar à Netflix, Império da Dor retrata de forma revoltante como a empresa farmacêutica Purdue Pharma produziu e colocou no mercado — utilizando de manobras antiéticas — o OxyContin, um opioide potente e tão viciante quanto a heroína, o que desencadeou em uma das maiores crises sanitárias dos Estados Unidos. Hoje, estima-se que cerca de 500.000 pessoas morreram de overdose da droga nas duas últimas décadas. Na ficção baseada em histórias reais, Matthew Broderick interpreta Richard Sackler, que foi o mentor do OxyContin e que se tornou bilionário graças ao marketing agressivo do medicamento. Uzo Aduba também brilha na produção Edie Flowers, investigadora da procuradoria da Virgínia que desvendou o esquema da Pardue. Em entrevista a VEJA, o jornalista americano Barry Meier, de 74 anos, autor do livro em que se baseia a série, Pain Killer: A Wonder Drug’s Trail of Addiction and Death, lamenta a impunidade dos responsáveis pela OxyContin, que devastou milhões de famílias ao redor do mundo.

Como o senhor se sente ao contar a história que basicamente reforça o fato de que homens brancos e ricos sempre podem sair impunes de crimes? Eu diria que o departamento de justiça dos Estados Unidos tem um senso de justiça muito peculiar. Ele sente prazer em aplicá-lo em pessoas pobres, pessoas que não têm poder, mas quando se trata de executivos corporativos, eles geralmente recebem apenas um passe livre. E, de certa forma, é disso que se trata esta história de Império da Dor. É sobre pessoas que cometeram crimes, sobre uma empresa que cometeu crimes, sobre uma indignação de que nosso governo se recusou a enfrentar essa companhia e porque eles se recusaram a enfrentá-la, temos esta epidemia que poderia ter sido interrompida ou atenuada de alguma forma. Deixaram essa epidemia continuar rolando, rolando e rolando. E hoje temos 100.000 pessoas, só nos Estados Unidos, morrendo de overdose todos os anos.

Barry Meier, autor do livro 'Império da Dor' (Painkiller), que ganhou série na Netflix
Barry Meier, autor do livro ‘Pain Killer: A Wonder Drug’s Trail of Addiction and Death’, que ganhou série na Netflix (Reprodução/TV Globo)

O senhor cobriu a história há duas décadas, viu acontecer de perto. Sentiu algum receio de que a série pudesse fazer com que jovens descobrissem o OxyContin e talvez quisessem experimentar por curiosidade? Olha, esse trem já saiu da estação há muito tempo. Eu estava escrevendo sobre essa epidemia e sobre o abuso de OxyContin há duas décadas, e muitos já me questionavam se eu não estava ensinando crianças a como abusar do OxyContin, mas na verdade, se você conhece algum adolescente, sabe que eles estão muitos passos à frente dos adultos. Eles não precisavam de mim ou de nenhum jornalista para lhes dizer como abusar do OxyContin. O que descobrimos é que eles já sabiam como usar de forma recreativa e é por isso que temos essa crise. Eu vejo que a série está colocando esse problema em contexto. E espero que a mensagem que Império da Dor deixe é a possibilidade de evitar que esse tipo de desastre aconteça novamente. Nós, como pessoas, nós, como indivíduos, temos que intensificar. Não podemos contar com o governo ou funcionários de saúde pública ou reguladores para fazer algo. Temos que nos levantar. Temos que começar a gritar e temos que impedir que isso aconteça.

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