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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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Plural de siglas: há contradição entre ‘os PMs’ e ‘os EUA’?

“Caro Sérgio Rodrigues, gostei muito do teu texto sobre 10 mega ou 10 megas. Contudo, tenho dúvida sobre o plural de siglas e/ou abreviaturas, por exemplo: os PMs; os EUA. Enfim, gostaria de saber a origem dessas construções.” (Fábio Gomes) A dúvida de Fábio nos joga num terreno, o das siglas, em que as convenções […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 02h48 - Publicado em 22 out 2014, 14h39

“Caro Sérgio Rodrigues, gostei muito do teu texto sobre 10 mega ou 10 megas. Contudo, tenho dúvida sobre o plural de siglas e/ou abreviaturas, por exemplo: os PMs; os EUA. Enfim, gostaria de saber a origem dessas construções.” (Fábio Gomes)

A dúvida de Fábio nos joga num terreno, o das siglas, em que as convenções não são muito sólidas e têm variado de modo significativo nas últimas décadas. Por exemplo: quando publicou em 1972 seu “Novo Guia Ortográfico”, o gramático gaúcho Celso Pedro Luft ainda recomendava o uso de pontos entre as iniciais: E.U.A., U.R.S.S. etc.

Os pontos, mero entulho gráfico nesse contexto, caíram em desuso na maioria dos casos sem que ninguém lamentasse sua morte: encontramos, por exemplo, EUA e URSS no “Grande Manual de Ortografia” que, atualizado pelas novas regras, saiu ano passado com o nome do falecido Luft (Angela França assina a revisão). Nem poderia ser diferente, pois a queda dos pontos é matéria pacífica, como se constata pela leitura da imprensa tanto no Brasil quanto em Portugal.

Sim, eu sei que Fábio não perguntou nada sobre pontos, mas a breve introdução acima serve para situar a evolução histórica em que se enquadram também os plurais, objeto da consulta. Este são um pouco mais controversos.

Houve um tempo, até meados do século passado, em que era comum encontrar o plural de siglas formado pela duplicação das iniciais: EE.UU. (Estados Unidos), por exemplo. Em espanhol ainda é. Em português, tal convenção se mantém viva apenas em certos contextos formais, como o das formas de tratamento (que também conservam os pontos, aliás): se V.A. (Vossa Alteza) vier no plural, deve-se escrever VV.AA.

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Na língua do dia a dia, o que costumamos ver é uma simplificação baseada no senso comum: o acréscimo de um s no fim da sigla. No entanto, isso ocorre apenas quando é necessário indicar mais de uma unidade de algo. AA (Alcoólicos Anônimos) e EUA dispensam o truque porque são entidades singulares, ainda que contenham em seu nome palavras no plural. Ou seja, já é plural aquilo que a sigla abrevia. O s aqui nada teria de funcional.

Mas é funcional, por exemplo, em PM (Polícia Militar ou policial militar) e CD (compact disc). Sobretudo no Brasil, tem prevalecido a convenção – endossada pelo mesmo Luft, entre outros – de que siglas que nomeiam coisas inicialmente singulares, mas numeráveis, vão para o plural com o acréscimo de um s minúsculo no fim: PMs, CDs etc. Alguns gramáticos conservadores, principalmente em Portugal, consideram isso um erro e recomendam escrever “os PM” e “os CD”. No entanto, a solução é funcional, como foi dito, e parece caminhar para a consagração.

*

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