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Sobre Palavras Por Sérgio Rodrigues Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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O verbo ‘empatizar’ existe?

“Olá, Sérgio! Deparei-me com uma dúvida: existe o verbo ‘empatizar’? O Priberam diz que sim, mas procurei noutras fontes e não encontrei nada. Grato.” (Júlio César Leal) O verbo trazido por Júlio César, “empatizar”, é o que se pode chamar de palavra emergente. Existir, existe acima de qualquer dúvida, mas ainda luta para ganhar “foros […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 02h00 - Publicado em 2 mar 2015, 16h51
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  • “Olá, Sérgio! Deparei-me com uma dúvida: existe o verbo ‘empatizar’? O Priberam diz que sim, mas procurei noutras fontes e não encontrei nada.
    Grato.” (Júlio César Leal)

    O verbo trazido por Júlio César, “empatizar”, é o que se pode chamar de palavra emergente. Existir, existe acima de qualquer dúvida, mas ainda luta para ganhar “foros de cidade”, como diria Machado de Assis.

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    Os principais dicionários brasileiros não registram “empatizar”. Além do citado Priberam, português, encontrei o verbo apenas no “Dicionário de Usos do Português do Brasil”, de Francisco S. Borba, com dois exemplos colhidos em textos da “Folha de S.Paulo”. Em Portugal, seu uso é um pouco mais disseminado.

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    A matriz de “empatizar” é muito provavelmente o inglês empathize (ou empathise), mas não se deve exagerar sua estrangeirice: faz tempo que o substantivo “empatia” (também este do inglês, empathy) tem boa acolhida nos grandes dicionários e no vocabulário dos falantes cultos. “Empatizar” é nada mais do que sentir ou provocar empatia.

    Empathy foi como se traduziu para o inglês, no início do século XX, o termo alemão Einfühlung, por sua vez inspirado no grego empatheia, “paixão”.

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    A palavra alemã tinha sido cunhada meio século antes pelo filósofo Rudolf Lotze (1817-1881) no campo da teoria da arte. Nomeava certa qualidade necessária à apreciação de uma obra artística: a capacidade que deve ter o receptor de projetar nela sua própria personalidade.

    “Empatia”, a capacidade de compreender emocionalmente algo ou alguém, leva no Houaiss a data relativamente recente de 1958 – antes disso, o português se virava com “simpatia”, palavra velha de quatro séculos, que também tem tal sentido entre suas muitas acepções.

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    No entanto, “empatia” não demorou a se fazer um termo indispensável, transbordando do vocabulário da estética para ganhar sentidos precisos em diversas áreas das ciências humanas, em especial a psicologia, e daí para a linguagem comum.

    “Empatizar”, verbo transitivo indireto que rege a preposição “com”, parece um passo natural nessa história de sucesso vocabular. Aposto que em pouco tempo nossos dicionários mais vetustos serão obrigados a lhe abrir as portas.

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    Mas atenção: enquanto isso não ocorre, recomenda-se usar a palavra com cuidado em contextos formais ou caretas – como provas aplicadas por professores pouco inclinados à empatia com os linguisticamente inquietos.

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