Drone, do zangão ao avião
O acalorado debate em curso nos Estados Unidos sobre o emprego, pela CIA, de aviões não tripulados em operações destinadas a matar acusados de terrorismo – inclusive cidadãos americanos – deixou em evidência esta semana uma antiga palavra inglesa numa acepção relativamente nova: drone (foto). Adotada sem grifo pela quase totalidade da imprensa brasileira, a […]
O acalorado debate em curso nos Estados Unidos sobre o emprego, pela CIA, de aviões não tripulados em operações destinadas a matar acusados de terrorismo – inclusive cidadãos americanos – deixou em evidência esta semana uma antiga palavra inglesa numa acepção relativamente nova: drone (foto).
Adotada sem grifo pela quase totalidade da imprensa brasileira, a palavra parece uma candidata a entrar na pauta de importação de nosso idioma, sem tradução, por ser de grafia simples – embora a pronúncia na língua de origem seja um pouco enrolada para os lusoparlantes – e pelo sentido concentrado que carrega. “Avião não tripulado” é longo demais.
Em todo caso, isso ainda não ocorreu. A palavra está longe de ser conhecida do grande público – e o mesmo se pode dizer até da tecnologia que ela nomeia. Nota-se entre os jornalistas a correta preocupação de explicar do que se trata, em geral usando o termo “drone” entre parênteses, após a expressão “avião não tripulado”.
Drone é um vocábulo de raízes fundas no inglês, existente desde a Idade Média com a grafia dran. Curiosamente, em seu sentido mais clássico tem uma tradução simples: “zangão, macho da abelha”. Isso, como se sabe, não dá conta da acepção que esteve no foco das atenções durante a sabatina a que o Senado americano submeteu John Brennan, nomeado pelo presidente Barack Obama para dirigir a CIA.
No entanto, foi mesmo numa expansão figurada da ideia de zangão – ou de seu zumbido, outra acepção de drone, esta surgida no século 16 – que brotou nos anos 1940, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, o sentido de unmanned aerial vehicle (UAV), ou “veículo aéreo não tripulado”.