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Sobre Palavras

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Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

De onde veio a expressão ‘crime do colarinho branco’?

“Prezado Sérgio, parabéns pela sua coluna, que me deixou praticamente viciado. Minha dúvida é sobre como surgiu a expressão ‘crime do colarinho branco’. Por que colarinho branco?” (Ubirajara Farias) A resposta a Ubirajara nos conduz a um passeio que se inicia nas primeiras décadas do século XX e passa por duas línguas. Começando pelo fim: […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 05h41 - Publicado em 5 ago 2013, 15h38

“Prezado Sérgio, parabéns pela sua coluna, que me deixou praticamente viciado. Minha dúvida é sobre como surgiu a expressão ‘crime do colarinho branco’. Por que colarinho branco?” (Ubirajara Farias)

A resposta a Ubirajara nos conduz a um passeio que se inicia nas primeiras décadas do século XX e passa por duas línguas. Começando pelo fim: no Brasil, o fator determinante para a consagração da expressão “crime do colarinho branco” foi o grande sucesso do apelido midiático da lei federal nº 7.492, de 1986, que tem como alvo os crimes contra o sistema financeiro.

Trata-se de uma tradução literal do inglês white-collar crime, expressão cunhada em 1949 pelo criminologista Edwin Shuterland para designar fraudes e outras tramoias de funcionários graduados – especialmente em instituições financeiras – que se aproveitam de sua posição para desviar dinheiro.

No entanto, nem só de crime vive o colarinho branco. Antes dessa associação, a palavra composta colarinho-branco, também traduzida do inglês white collar, já era usada para nomear “trabalhadores assalariados ou autônomos (profissionais liberais, executivos, funcionários públicos, empregados de escritório etc.) que, dado o caráter de suas funções, se vestem geralmente com certo grau de formalidade” (Houaiss).

No inglês, a expressão white-collar workers – registrada pela primeira vez em 1919, num livro do romancista Upton Sinclair – se opõe a blue-collar workers, designação do pessoal de uniforme, mais mal remunerado, encarregado de trabalhos braçais. Esse código de cores é bem americano: em muitas empresas dos EUA, ao longo do século passado, era comum que o nível hierárquico dos funcionários fosse indicado por jalecos brancos e azuis. O colarinho azul, contudo, não migrou para o vocabulário do português.

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