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Sobre Palavras Por Sérgio Rodrigues Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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A arquitetura da palavra arquiteto

Niemeyer em foto de Bernardo Gutiérrez/Folhapress A morte de Oscar Niemeyer privou a arquitetura brasileira do maior de seus carpinteiros-chefes – palavra composta que é a tradução literal do termo grego arkhitékton, matriz de nosso o vocábulo arquiteto (após uma quase indefectível tabelinha com o latim, claro). Carpinteiro-chefe? Se o sentido original parece modesto e […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 07h15 - Publicado em 8 dez 2012, 09h00
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  • Niemeyer em foto de Bernardo Gutiérrez/Folhapress

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    A morte de Oscar Niemeyer privou a arquitetura brasileira do maior de seus carpinteiros-chefes – palavra composta que é a tradução literal do termo grego arkhitékton, matriz de nosso o vocábulo arquiteto (após uma quase indefectível tabelinha com o latim, claro).

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    Carpinteiro-chefe? Se o sentido original parece modesto e braçal demais para dar conta da complexidade do saber de um profissional de arquitetura, basta esmiuçar um pouco a etimologia do termo grego para perceber que não é bem assim.

    O elemento arkhi era carregado de grande prestígio: arkhés era o que vinha em primeiro lugar, o que se situava na origem e no comando, ideia da qual emanavam palavras ligadas ao poder (arkhon era o magistrado supremo da Grécia antiga) e à gênese das coisas (arkhaiología era o que nome sugere, “arqueologia”). Na era moderna, “arqui” acabou por se tornar o que o Houaiss chama de “verdadeiro morfema prefixal hiperbolizante ou superlativizante”, ou seja, assumiu papel semelhante ao de “super”. Arquiinimigo é só um exemplo.

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    Sob o segundo elemento da palavra, tékton, “carpinteiro”, percebe-se a ideia de tékhnes, que era tanto uma técnica quanto uma arte – a de fabricar, dar forma ao que antes não existia – e uma palavra com raízes indo-europeias imemoriais (tek-, “fazer”) que tinha parentes no sânscrito e no antigo persa, entre outros idiomas.

    Para se avaliar o prestígio dos arquitetos da antiguidade, basta mencionar que no latim tornou-se uma espécie de lugar-comum retórico a expressão architectus omnibus, isto é, “arquiteto de todas as coisas”. Queria dizer Deus.

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