Costuma-se considerar três critérios para a escolha de um ministro: afinidade ideológica, competência e lealdade ao presidente ou a um partido político. Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Ricardo Vélez Rodríguez (Educação) têm apenas o primeiro. Ambos foram indicados pelo polêmico escritor Olavo de Carvalho. São duas pastas relevantes. Decisões e movimentações na política externa podem trazer prejuízos reais ao país. A educação é prioridade tanto na retórica-clichê quanto no mundo concreto. Sem capital humano qualificado, mais produtivo do que o de hoje, o país não crescerá o necessário para sair da armadilha da renda média. Araújo e Rodríguez estão muito, mas muito aquém do que lhes será exigido pelo mundo real em menos de quarenta dias.
O diplomata escreve estultices como: “Não há nada que o PT odeie tanto quanto a liberdade: liberdade econômica, liberdade de pensamento, liberdade de expressão. Isso porque o PT, fiel ao ‘belo ideal socialista’, odeia o ser humano”. Outra pérola: “Na grande imprensa globalista, tudo é potencialmente falso, porque tudo obedece a uma narrativa-mestra que visa à preservação e expansão do poder da elite sobre as pessoas comuns”.
A ideia de “narrativa-mestra” é condizente com o pensamento de Carvalho. Baseia-se em teorias conspiratórias bisonhas e um ultraconservadorismo antidemocrático, que desqualifica a priori tudo de que discorda. (Há extremismo semelhante na esquerda, é claro.) Pessoas como o deputado-príncipe Luiz Philippe de Orléans e Bragança são de sua laia. Outro dia o príncipe definiu, em palestra na Assembleia Legislativa de São Paulo, o PT como “esquerda revolucionária” e o DEM como “esquerda progressista”. Que tomem cuidado: sou membro convicto do Foro de São Paulo e farei pagarem cada bobagem com dezessete abdominais.
Ser olavete não aumenta a capacidade de negociar a reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados. O que Bolsonaro dará aos trinta representantes do PRB?
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